Um aplicativo educacional contendo 4 mil informações sobre 21 “dores femininas”, criado no Brasil, já pode ser acessado em inglês. WOMEN, Pain & Mind é seu nome. Ele começa a ser impulsionado na América do Norte nessa semana. Educação em dor do Brasil para o mundo. Não é todo dia que isso ocorre. Este post descreve a sua origem.
“Uma zona de conforto é um ótimo local para ali nada crescer”.
O terceiro ato de uma peça sem tempo para acabar ocorreu semana passada, com a estreia de WOMEN, Pain & Mind, um aplicativo educacional sobre dores femininas, na internet, que fala inglês.
Porém, vamos ao começo da peça.
O primeiro ato foi a posta em marcha do aplicativo ALÍVIO em 2019. Um jogo educacional desenhado especialmente para testar o conhecimento que uma pessoa tem sobre DOR, de uma forma lúdica. Uma descrição detalhada pode ser vista aqui.
A construção do ALÍVIO permitiu obter uma dimensão do campo da dor humana, imenso, supercomplexo (para um leigo entender) e ainda semeado de mistérios que a ciência ainda não revelou.
Na prática, o aplicativo ALÍVIO trouxe uma informação inesperada: a prevalência de downloads a cargo de mulheres sem conhecimento básico da dor. Nem homens, nem médicos ou médicas… mas mulheres com dor em geral. Algo inesperado, confesso. A ferramenta abrange três níveis de complexidade, e o nível mais alto (Avançado) atende a classe médica haja visto que a DOR não tem presença significativa no ensino ministrado pela maioria das faculdades de medicina. Não foi o caso, enfim.
Mas criou-se uma oportunidade. Para um segundo ato, quero dizer. Das 2.800 informações sobre DOR – tipos, causas, sintomas, tratamentos etc. – já existentes no aplicativo ALÍVIO, um quarto eram aplicáveis à população feminina. Esse contingente podia ser extraído, ampliado e organizado por dores específicas como artrite reumatoide, fibromialgia, dor pélvica, mastalgia, ansiedade etc. Dito e feito. Nascia o aplicativo ALÍVIO Mulher, também um jogo educacional voltado para “ensinar sobre dor à mulher com dor”. As 12 doenças/dores abrangidas inicialmente viraram 21, sendo a última a ingressar referente ao “SONO na Mulher”, com 500 afirmações. Isso foi no começo de 2020.
Ao todo, o ALÍVIO Mulher hoje contém 4 mil afirmações sobre DOR, cada uma delas fundamentada numa fonte em geral científica. Em 12 meses ele já foi baixado 33 mil vezes.
O terceiro ato, você já sabe o que é. A partir dessa semana, qualquer bípede de fala inglesa já pode acessar WOMEN, Pain & Mind, um aplicativo que é cópia de seu homônimo brasileiro, o ALÍVIO Mulher.
Se você quiser saber mais sobre a estória, fique comigo. Caso contrário, abandone o campo ao menos sabendo que WOMEN, Pain & Mind é o único aplicativo em seu gênero, no mundo. Ele é mais uma maneira deste blog cumprir a sua missão: educar sobre dores crônicas.
Mas, então, de onde surgiu a ideia? Impulsionar um aplicativo no Brasil é uma coisa, e se dispor a fazê-lo na metade do mundo, bem outra. Coisa de delirante, eu diria – não fosse eu o protagonista. Envolve investimento e tecnologia muito além do que imaginara quando comecei com o dorcronica.blog.br.
A receptividade do dorcronica.blog.br no exterior, aliás, deu o primeiro impulso. Eu nunca imaginei que gente até morando no Alasca o visitasse! E foi o que aconteceu. Atualmente, 10% dos visitantes do blog estão em Portugal, Argentina, Estados Unidos, Canadá e Chile, entre outros. Uma grata surpresa.
Um segundo alento veio de eu constatar que, em diversos países, as mulheres procuram informação sobre saúde na internet com muito mais assiduidade que os homens. Evidências disso fui colhendo em diversos países: Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Turquia e também no Brasil.
Mas, o fator decisivo para ir avante com WOMEN, Pain & Mind foi a pesquisa sobre “a percepção do atendimento médico às mulheres com dor crônica”, realizada em parceria com a Faculdade de Medicina de Jundiaí (SP) em novembro passado: mais de um milhar de visitantes do blog colaborou nela.
Enfim, esses foram os argumentos para criar WOMEN, Pain & Mind.
Então, como estamos? O Elon Musk põe uma nave espacial tripulada com quatro astronautas em órbita; Ugur Sahin, desenvolve uma vacina anti-Covid e se associa com a Pfizer para vendê-la a uma centena de nações; e eu ponho o WOMEN Pain & Mind no mercado de fala inglesa…
E claro, não dá para comparar, você deve estar pensando.
Engano seu. Pode apostar que estamos todos os três, felizes.