Um futuro sem dor crônica
O artigo publicado pelo Dr. David Borsook, diretor do Pain and Imaging Neuroscience Group do Children’s Hospital Boston, EUA, mira na situação atual da pesquisa sobre dor nos Estados Unidos. Contudo, a sua leitura, muito amena, por sinal, deveria interessar a cientistas, médicos e pacientes no Brasil. Por vários motivos. O artigo critica o atraso da medicina científica e clínica no tratamento efetivo da dor, atribuindo-o em parte ao domínio da pesquisa da dor, pelas indústrias farmacêutica e de biotecnologia. Mas o Dr. Borsook é um otimista e faz uma excelente exposição muito bem documentada, dos campos de pesquisa em dor que hoje apresentam resultados promissores, destacando especialmente os avanços nas maneiras pelas quais a dor crônica altera o cérebro, e o quanto eles podem levar para melhores abordagens de tratamento. Por fim, o Dr. Borsook recomenda medidas para facilitar esses novos tratamentos, incluindo o estabelecimento de centros integrados de neurociência clínica preenchendo a lacuna entre a bancada e a beira do leito. Medidas que, infelizmente, estão longe de ser implementadas devido a orçamentos reduzidos, interesses corporativos, e indiferença das autoridades sanitárias. Da leitura desse artigo, aliás, é claro que, apesar dos avanços científicos no campo da dor, o problema que a dor representa para a sociedade continua subavaliado e mal resolvido, tanto nos EUA quanto no Brasil.