A semana passada foi uma festa: estatísticas de novos casos e de hospitalizações recuando, poucos óbitos (apenas em torno de 400, coisinha de nada), e um monte de boas notícias pelo lado dos fármacos (Merck) e das vacinas (Pfizer, Butanvac). Clima de fim de festa. Ou melhor, de ressaca do dia seguinte, quando é um porre lavar pratos, arrumar tapetes e móveis e tratar da crise de ansiedade do cachorro que passou a noite latindo trancado para não espantar os convidados. Um estado de espírito meio catatônico em que o passado, o presente e o futuro se juntam para nos deixar suspensos no ar. Não lembramos dos fetiches que possuíamos antes da experiência pandêmica, ora destruídos – isso dos jovens serem solidários com os idosos, ou de que o ser humano tem mesmo medo da morte, e acima de tudo, que ele tem capacidade para entender mensagens racionais quando repetidas incessantemente no seu ouvido, durante quase dois anos, como usar a máscara cobrindo o nariz e a boca porque é por aí que o vírus ingressa e não por outros orifícios do corpo. No presente, comemora-se a queda das máscaras no RJ, cruzando os dedos para não emular o ocorrido em quase todas as cidades do planeta nas semanas seguintes: o aceno de um novo surto viral. E quanto ao futuro, melhor não pensar em como um sistema de saúde com recursos humanos exauridos e não substituídos vai enfrentar as coortes de pacientes com cirurgias represadas e de sequelados da Covid-19 já batendo na porta.