Desvendando a complexidade da dor lombar
Há 6 anos, o artigo a seguir, escrito por Peter O’Sullivan, referência mundial no manejo da dor nas costas, causou alguma celeuma entre ortopedistas e fisioterapeutas. (Não digo “muita celeuma”, porque a ciência da dor avança muito mais rapidamente do que seus beneficiários têm perna para acompanhar.) Como muitos outros artigos científicos sobre a dor crônica nas costas, Sullivan e outros propunham uma evolução radical na maneira em que a dor lombar deveria ser tratada clinicamente. Ou seja, deslocando a atenção de ambos, o profissional da saúde e seu paciente, da área física para a área psicossocial. Nenhuma das duas partes estava preparada para isso. Seria um processo demorado. O problema é que, a meu ver, ele ainda nem começou. O olhar clínico na consulta médica típica continua fixado quase que exclusivamente nos supostos determinantes sensoriais da dor. Portanto, se eu estiver certo – o meu ponto de vista é o de um paciente – o referido artigo em pauta tem hoje mais uma conotação de denúncia do que de alerta.