A dor crônica precisa ser mais entendida do que medida
O presente artigo descreve uma visão alternativa da dor, em particular da dor crônica. Defende que a dor crônica deve ser entendida como um fenômeno separado, ao invés de uma extensão da dor aguda e interpretada como uma construção hipotética (HC). O anterior se baseia numa crítica da classificação numérica da dor, a métrica habitual e muitas vezes considerada como uma proxy para a experiência subjetiva da dor crônica. Essa definição de dor (crônica) tem um valor heurístico significativo. No entanto, a definição e os modelos que ela gerou tendem a encorajar a interpretação da dor como uma entidade mensurável e implica que a experiência de dor do paciente pode ser totalmente compreendida por outra pessoa que não a pessoa com dor. O que, segundo o autor do artigo, não reflete a realidade complexa da dor crônica. Disso se depreende a necessidade de interpretá-la como um construto hipotético, onde cabem dinamicamente muitas variáveis intervenientes (IV), interpelações e interpretações conforme o momento.