Placebo como analgesia: entendendo os mecanismos
Até pouco tempo atrás o placebo era considerado algo assim como o filho bastardo da farmacologia experimental, aquela focada em testes de possíveis novas drogas. Voluntários recebiam estímulos (ex.: comprimidos, injeções etc.) de verdade e de mentira. Obviamente, se uma proporção considerável dos primeiros reagisse parecido com os segundos, a droga testada era jogada no lixo – junto com dezenas de milhões investidos no invento. Obviamente, porque como é possível alguém se curar ou se sentir mais aliviado de um distúrbio físico ou mental por obra e graça de um comprimido de açúcar? Pois ocorre que isso é possível. A neurociência tem comprovado que o poder de sugestão – e de autossugestão – embora etéreo, transita pelas vias neurais como se algo real estivesse acontecendo. O placebo exerce assim formidável influência sobre o pensamento e o comportamento, e por isso hoje é considerado pela ciência da saúde como um filho pródigo e não mais um bastardo.