Esse post se refere a uma terapia nova que parece sair do convencional-que-não-dá-certo, ao abordar a dor musculoesquelética reunindo o cérebro e o resto do corpo. A dor musculoesquelética crônica costuma ser mal tratada porque o conhecimento sobre ela está encapsulado em especialidades distintas, como neurociência, fisioterapia/reabilitação, ortopedia e reumatologia, que se concentram respectivamente em 1) efeitos mediados neuralmente nos processos de dor, 2) comportamento e atividade muscular, 3) estrutura do tecido, e 4) processos inflamatórios. Embora essas disciplinas estudem individualmente aspectos importantes da dor, na prática não aliviam a dor do paciente por este ser, sentir e se comportar, como uma única entidade “mente e corpo”. Entidade, aliás, ainda muito pouco entendida, ou sequer explorada pela medicina, acadêmica e clínica.
Mais de 25 milhões de pessoas nos Estados Unidos vivem com dores crônicas. É uma dor que dura mais de três meses. O tipo mais comum de dor crônica é a dor crônica nas costas.
Frequentemente, nenhuma causa física para essa dor pode ser encontrada. Nesses casos, pode ser decorrente de alterações cerebrais que persistem após a cura de uma lesão. Essas mudanças cerebrais fornecem um aviso para que você restrinja seus movimentos e deixe o corpo se recuperar. Mas, em alguns casos, eles podem fazer com que a dor persista por muito tempo depois que o dano foi curado.
Os pesquisadores desenvolveram um tratamento chamado terapia de reprocessamento da dor (TRP) para ajudar o cérebro a “desaprender” esse tipo de dor. A TRP ensina as pessoas a perceber os sinais de dor enviados ao cérebro como menos ameaçadores.
Uma equipe de pesquisa realizou o primeiro teste clínico de TRP. Os participantes tinham dor nas costas crônica de leve a moderada, para a qual nenhuma causa física foi encontrada. Os voluntários receberam um de três tratamentos: quatro semanas de TRP intensiva, uma injeção inofensiva nas costas ou tratamento padrão continuado.
Após quatro semanas, 66% das pessoas que receberam TRP relataram estar sem dor ou quase sem dor. Menos de 25% das pessoas que receberam injeções e 10% das que receberam os cuidados habituais relataram melhorias semelhantes. As varreduras cerebrais mostraram que as pessoas que receberam TRP tinham menos atividade cerebral associada à dor.
“Isso não está sugerindo que sua dor não seja real ou que está ‘tudo na sua cabeça’”, disse o Dr. Tor Wager, do Dartmouth College, que co-liderou o estudo. “O que isso significa é que, se as causas estão no cérebro, as soluções também podem estar lá.”
Nota do blog:
Os principais formuladores da Terapia do Reprocessamento da Dor (Schubiner, Gordon) são discípulos do Dr. John Sarno. Não fosse pelos livros de autoria desse médico americano, que nos anos 80/90 sarou muita gente de dores crônicas nas costas com base num método muito simples, eu não estaria escrevendo estas mal traçadas. LINKS A minha recuperação após décadas de dor persistente na cervical, eu devo a essa leitura. LINKS
A Terapia do Reprocessamento da Dor será mais uma das inúmeras terapias inventadas – e raramente testadas conforme padrões científicos – para controlar a dor crônica? O tempo dirá. Por agora, você pode se informar melhor sobre essa terapia, acessando o resumo de uma pesquisa recente avaliando a sua eficácia.