Dor Crônica - by dorcronica.blog.br

Retreinando o cérebro para aliviar a dor crônica

Retreinando o cérebro para aliviar a dor crônica

Este post é sobre um treinamento inédito destinado a pacientes com dor crônica e profissionais de saúde que visa a remoção das cognições e crenças negativas sobre a dor crônica que atrapalham uma recuperação. Vejamos a sua justificativa. Em geral, as reações do paciente com dor crônica não são as melhores. Falta de movimento, consultas médicas frequentes, consumo de analgésicos além do tempo prescrito pelo médico etc. são comportamentos comuns.

Comportamentos, no entanto, são reflexos da maneira de pensar sobre um assunto – dor, no caso. Portanto, o que e como esse paciente pensa sobre sua dor desempenha um papel crítico na sua experiência da dor.1

Indivíduos que, por exemplo, pensam ter autocontrole sobre sua condição de saúde, relatam menos dor do que seus colegas com padrões cognitivos menos construtivos. Ao contrário, medos sobre dor e lesões motivam o paciente a adotar terapias passivas inúteis (ex.: repouso, medicação…), que podem até exacerbar a dor.

“RETREINANDO O CÉREBRO PARA O ALÍVIO DA DOR CRÔNICA” visa ensinar pacientes e os profissionais que cuidam deles a identificar e desarmar esses pensamentos tóxicos, interrompendo a cronificação da dor.

Autor: Julio Troncoso, Ph.D.

Nesse semestre, a Dra. Luci Mara França e eu iremos deslanchar uma intervenção inovadora para começar a tratar corretamente da dor crônica. Os termos “inovadora” e “corretamente”, não são casuais. A iniciativa é inovadora por duas razões: demora pouco mais de 3 horas, distribuídas em 3 dias – enquanto a abordagem educacional típica requer 8 sessões de 2 horas, ao longo de 4 semanas; e focaliza na dimensão afetiva, emocional da dor crônica, ao invés de na dimensão fisiológica, como faz a medicina clínica convencional.

Quanto a “tratar corretamente da dor crônica”, a explicação é simples: toda dor crônica tem um componente nociplástico, ou seja, “…Isto é, tecnicamente, uma parcela de dor “…que surge… apesar de nenhuma evidência clara de dano tecidual real ou ameaçador causando a ativação de nociceptores periféricos ou evidência de doença ou lesão do sistema somatossensorial causando a dor”.

Eis a definição de “dor nociplástica” chancelada recentemente pela International Association for the Study of Pain (IASP). Em termos simples: uma dor sem causa – ferida, lesão, dano – aparente. Um tipo de dor, aliás, ora reconhecida na International Classification of Diseases -11 da Organização Mundial da Saúde, mas que ainda não foi legitimada pela medicina clínica.

E por que seria isso?

Porque a dor nociplástica incorpora o lado escuro de toda dor, do qual poucos, médicos ou pacientes, se sentem confortáveis em falar: o lado emocional. O que agrega sofrimento à dor física propriamente dita, tornando a vida do paciente um inferno.

Muitos estados emocionais, como depressão e ansiedade, e processos emocionais, como consciência e regulação emocional, influenciam a presença e gravidade da dor nociplástica.

Uma dor, aliás, que igual a dor nocioceptiva e neuropática, raramente é exclusiva.

Figura 1

Tipos de Dor

A ilustração é teórica. Na vida real, apenas um tipo de dor prevalece sobre os outros dois, mas estes raramente desaparecem do quadro clínico. As intersecções no desenho exemplificam as diversas combinações. A região mais avermelhada, ou INFERNO, é a mais completa, ao congregar todos os três tipos de dor ao mesmo tempo.

RETREINANDO O CÉREBRO PARA ALIVIAR A DOR CRÔNICA visa qualquer combinação em que a dor nociplástica esteja significativamente presente. Presença esta, denunciada pela inexistência de dano real ou potencial e por um alto grau de estresse emocional.

E o que alimenta a dor nociplástica?

A dor nociplástica ocorre a partir de variações do processamento nociceptivo no sistema nervoso central (SNC), o que leva à sensibilização central, que pode ser manifestada como aumento da excitabilidade central ou diminuição da inibição central.2

Eis a explicação 100% fisiológica. Para se obter uma ideia completa do que provoca a dor nociplástica, todavia, faltaria agregar o componente psicológico, por demais complexo.

Para simplificar, eu prefiro me concentrar nos pensamentos típicos do paciente com dor crônica sobre a sua condição de saúde e de vida. Pensamentos sobre a dor e suas circunstâncias (ex.: sintomas, impacto na família, falta de soluções terapêuticas…), enfim, que os eruditos qualificam como “desadaptativos”, e que eu chamo de “tóxicos”. Isso, para destacar sua natureza poluente e a sua capacidade de amplificar o estresse. Tais pensamentos são como a poluição do ar nas grandes cidades: não tem solução e o seu veneno pode até matar. Ruminações do tipo “Eu nunca vou melhorar”; “Tratar a dor sem remédios leva a nada”; “Eu não consigo mais lutar”; “Ninguém me ouve”, podem levar um paciente já fragilizado física e emocionalmente à loucura, de quebra arrasando sua família, trabalho e futuro.

Em suma, pensamentos tóxicos não são inofensivos, nem incorpóreos. Eles destroem células e o fazem por vias bioquímicas, no sistema nervoso.

“RETREINANDO O CÉREBRO PARA ALIVIAR A DOR CRÔNICA” visa ensinar pacientes e os profissionais que cuidam deles a desintoxicar a mente em relação à dor.

Em três etapas.

24/10/23. COMO PROTEGER MENTE-CORPO DA DOR CRÔNICA?

Qual é a origem dos “pensamentos tóxicos” que atrapalham uma recuperação? E qual é o antídoto mais imediato ao alcance do paciente?

Teaser "Retreinando o Cérebro para aliviar a dor crônica – Parte 1"

26/10/23. COMO LIDAR COM O FATOR EMOCIONAL ASSOCIADO A DOR CRÔNICA?

Como os “pensamentos tóxicos” amplificam a dor crônica? A dor é uma sensação fisiológica, como ela emigra para o emocional? E como as emoções alimentam o “Ciclo da dor crônica”?

Teaser "Retreinando o Cérebro para aliviar a dor crônica – Parte 2"

28/10/23. COMO TREINAR O CÉREBRO PARA ALIVIAR A DOR CRÔNICA E SEUS SINTOMAS

Como erradicar os pensamentos tóxicos? O que o cérebro deve reaprender e que técnicas podem ser usadas nesse sentido?

Teaser "Retreinando o Cérebro para aliviar a dor crônica – Parte 3"

“RETREINANDO O CÉREBRO PARA ALIVIAR A DOR CRÔNICA” comporta vários exercícios que a limitação de tempo (3 horas) obriga a praticar superficialmente.

O objetivo possível a ser atingido é o de motivar o paciente com dor crônica a recuperar funcionalidade e qualidade de vida sem recorrer a medicamentos tarja preta, e com ajuda do próprio cérebro.

Para maiores informações, clique aqui.

Cadastre-se E receba nosso newsletter

Veja outros posts relacionados…

nenhum

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

CONHEÇA FIBRODOR, UM SITE EXCLUSIVO SOBRE FIBROMIALGIA
CLIQUE AQUI