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Perguntas-chave ao receber um diagnóstico

Perguntas-chave ao receber um diagnóstico

Erro de diagnóstico, de acordo com a definição proposta pela Society to Improve Diagnosis in Medicine (SIDM), é “qualquer diagnóstico errado, indevidamente atrasado, ou não realizado”.  Nem todo erro diagnóstico pode ser imputado a imperícia do médico nem provoca danos imediatos ao paciente, porém seus efeitos a meio e longo prazo anulam qualquer estratégia de recuperação. Num país como o Brasil, todavia, o paciente típico no seu primeiro atendimento dispõe de 10 ou 15 minutos para garantir, ou ao menos aspirar a um diagnóstico bem feito. Por isso, ele ou ela precisam planejar cuidadosamente as perguntas a serem formuladas na ocasião. Esse post trata disso.

Autora: Helene M. Epstein

“Não tenha medo de fazer perguntas enquanto estiver no consultório de um profissional da saúde para entender por que ele ou ela acha que você precisa fazer isso ou aquilo.”

Pode ser intimidante sentar-se com seu médico de cuidados primários depois que ele ou ela ouviu sua opinião e o examinou. Talvez seu coração esteja batendo um pouco rápido enquanto você espera pelo pronunciamento dele sobre o que está causando seus sintomas. O que pode ser? Isto é sério?

O diagnóstico pode levar às respostas que você procura.

É por isso que você precisa discutir o que acontece a seguir. Seu médico pode sugerir uma ou mais dessas próximas etapas e você tem a responsabilidade de fazer perguntas, fazer anotações e participar ativamente de cada uma delas.

Elas se referem a:

  1. Testes1
  2. Planos de Tratamento2
  3. Encaminhamento a um especialista3

1. Testes

Os testes podem ajudá-lo a identificar o que está causando seus sintomas ou descartar as causas possíveis mais perigosas. Há muitos equipamentos, e pessoas que solicitam testes, coletam amostras e analisam resultados. Erros durante este processo são uma causa comum de diagnóstico perdido ou atrasado. Ou de perdas de tempo e dinheiro, na melhor das hipóteses. As perguntas a fazer incluem:

1.1. Que tipo de teste(s) farei?

Alguns testes exigem amostras de sangue, urina, saliva ou fezes (amostras de fezes). As biópsias são testes que coletam uma amostra de tecido da pele ou dos órgãos internos para identificar possíveis infecções, distúrbios autoimunes ou câncer. Por exemplo, seu dermatologista pode fazer uma biópsia de sua pele para verificar se há psoríase ou infecção ou câncer de pele. Existem exames de imagem que examinam o interior do seu corpo para visualizar ossos, músculos, órgãos e funções cerebrais, como raios-x, tomografias computadorizadas, ressonâncias magnéticas, ultrassons e scanners. Também existem endoscópios (tubos de visualização) que examinam os espaços disponíveis em seu corpo, como nariz, garganta, ânus ou vagina para identificar problemas com respiração, fala, alimentação e digestão e muito mais. Se o médico suspeitar que seu coração pode estar envolvido, ele pode solicitar exames em que sua função cardíaca é observada anexando eletrodos à sua pele, como um eletrocardiograma, um ecocardiograma ou um teste de estresse.

1.2. Por que você acha que eu preciso deste teste?

Cada teste pode ter vários propósitos. Alguns são para rastrear doenças comuns, outros são para descartar doenças graves, e ainda outros são exploratórios. Nem todos os testes são essenciais e alguns podem ser invasivos, ter efeitos colaterais, ser caros ou demorar em apresentar resultados. Você tem o direito de perguntar se o teste é necessário, se é caro ou se existe uma alternativa.

1.3. O que preciso fazer para me preparar para este teste?

Nem todo teste requer preparação especial, mas muitos o fazem. Alguns requerem jejum ou evitar alimentos ou bebidas específicos. Outros pedem que você altere temporariamente um hábito pessoal. Por exemplo, antes de fazer uma mamografia você deve evitar o uso de antitranspirante. É uma coisa tão pequena que não parece importante. Mas o alumínio na maioria dos antitranspirantes pode trazer calcificações que levariam a mais testes para câncer de mama. Se você está agendado para uma colonoscopia, um procedimento em que uma câmera examina o interior do intestino grosso e delgado, você precisa seguir as instruções – que são chatíssimas – passo a passo para que seu cólon esteja limpo o suficiente para o teste. Caso contrário, será preciso reagendar o teste para outro dia.

1.4. Existem alimentos ou suplementos que eu preciso evitar de antemão?

Os resultados dos exames de sangue e urina podem ser imprecisos se você tiver certos suplementos em sua corrente sanguínea. A biotina (B7), uma vitamina presente na maioria dos multivitamínicos e produtos para melhorar cabelos, unhas e pele, pode interferir em muitos exames de sangue. Pode causar falsas pontuações altas e baixas e levar ao tratamento para a condição errada ou a nenhum tratamento. É por isso que recomendamos que você informe ao seu médico e às pessoas que realizam os testes sobre todos os suplementos que você toma.

1.5. Como faço para agendar esses testes?

Às vezes, a clínica agenda o teste para você e, às vezes, fornece o número de telefone do laboratório ou da instalação para que você possa agendar você mesmo. Ou você averigua isso no Google. Às vezes você precisa obter uma autorização do seu plano médico ou seguro médico para determinados testes.

1.6. Quando receberei os resultados?

Não convém pensar que nenhuma notícia é uma boa notícia. Não é verdade. Nenhuma notícia é nenhuma notícia. Você pode ler história após história sobre pacientes cujos resultados de testes nunca foram relatados a eles, então eles não receberam tratamento oportuno para condições graves. Há casos de gente que morreu aos 17 anos por causa de testes perdidos e mal interpretados, ou que morreu de sepse em parte porque os resultados dos exames de sangue não foram lidos.

1.7. Como obterei meus resultados?

Cada prática tem sua própria maneira de compartilhar os resultados dos testes. Obtenha um resultado impresso para cada teste que você fez, do médico, do portal ou diretamente do centro de testes. Mantenha uma cópia para compartilhar com outras práticas médicas, ou se você consultar um especialista, ou buscar uma segunda opinião.

2. Planos de tratamento

Esse plano pode consistir em uma combinação de dieta, exercício/fisioterapia, medicamentos e/ou terapias em casa, como gelo e elevação para uma torção no tornozelo ou gargarejo com água salgada quente para dor de garganta.

Às vezes, um plano de tratamento é empregado para testar um diagnóstico de trabalho. Se essas intervenções simples funcionarem e você se sentir melhor, pode ser o fim do processo. Caso contrário, a busca do tratamento adequado continua por tentativa e erro. Paciência.

Antes de iniciar qualquer plano de tratamento, há várias perguntas que recomendamos fazer:

2.1. O que você acha que é? Pode explicar o diagnóstico?

Idealmente os médicos explicarão a você o que o diagnóstico significa numa linguagem simples. Alguns lhe darão literatura ou sites para visitar. Outros irão esboçar o sistema do corpo afetado e diagramar o problema. Para aqueles que não fazem isso, ou se você tiver mais perguntas sobre o que lhe foi dito, peça-lhes especificamente uma descrição detalhada. Não há problema em dizer que você não entende um termo ou pedir para evitar o “mediquês”.

2.2. O que mais poderia ser?

Esta pode ser a pergunta mais importante que você pode fazer a qualquer médico quando recebe um diagnóstico pela primeira vez. Serve a dois propósitos; permitir que o médico compartilhe seu pensamento sobre o porquê de um diagnóstico em detrimento de outro e isso o lembra de considerar um diagnóstico que pode ter sido negligenciado ou descartado no início do processo. Isso se chama diagnóstico diferencial.

2.3. Sobre a prescrição medicamentosa:

Se você receber uma receita para um novo medicamento, faça estas quatro perguntas.

  1. Quais efeitos colaterais devo observar? Quais efeitos colaterais significam que devo parar de tomar esta receita e ligar para você?
  2. Os meus medicamentos e suplementos atuais podem ser tomados com este medicamento?
  3. Devo parar de tomá-lo se meus sintomas diminuírem?
  4. E se não estiver coberto pelo meu plano médico? Ou se for muito caro?

Preste muita atenção à lista de possíveis efeitos colaterais e leia a bula que acompanha o novo medicamento. Se precisar de mais informações, pergunte ao seu farmacêutico, que pode saber mais sobre as possíveis complicações da sua nova receita. Claro, lembre ao médico quais medicamentos causaram reações alérgicas, para que ele possa verificar novamente se esta receita não contém o mesmo ingrediente.

2.4. Quando devo começar a me sentir melhor?

Esta é uma pergunta essencial para qualquer novo diagnóstico. Se lhe disserem que o plano de tratamento ou o novo medicamento deve ajudá-lo a se sentir melhor em duas semanas, preste atenção em como você se sente em duas semanas mais alguns dias. Se você se sentir melhor, continue seguindo as instruções ou termine a prescrição conforme indicado.

2.5. E se meus sintomas piorarem ou permanecerem os mesmos?

Se você se sentir pior ou tiver novos sintomas em vez de se sentir melhor, ou se a dor ou os sintomas forem os mesmos, entre em contato com o consultório médico para discutir o que fazer. Se você está se sentindo significativamente pior e o plano de tratamento não está funcionando, marque uma consulta para ser visto o mais rápido possível.

Um plano de tratamento alternativo pode ser nenhum tratamento ativo. Em vez disso, uma abordagem de esperar para ver pode ser sugerida. Dependendo da condição potencial, também é conhecido como vigiar e esperar, vigilância ativa ou monitoramento ativo. Isso requer sua total participação porque seu profissional de saúde conta com você para acompanhar seus sintomas, observar quaisquer alterações ou novos problemas de saúde e retornar a ele regularmente. Você pode ser solicitado a fazer isso por conta própria ou pode ser instruído a vir regularmente para ser verificado ou testado. Certifique-se de entender o que é exigido de você e faça perguntas se não tiver certeza de qualquer aspecto.

3. Encaminhamento para um especialista

Existem especialistas para cada parte do corpo e cada função corporal. Algumas referências comuns podem ser para um cardiologista (coração), ortopedista (ossos, coluna e estruturas associadas), gastroenterologista (sistema digestivo), neurologista (sistema nervoso, incluindo função cerebral) ou oncologista (câncer). Você pode ser solicitado a consultar mais de um especialista se seus sintomas forem comuns, mas a causa é difícil de definir. Existem mais de 10 mil condições, mas apenas algumas centenas de sintomas. Nem todo especialista exigirá uma visita. O seu médico pode solicitar uma consulta sobre o seu caso, um especialista que revisará seus dados médicos e discutirá com seu profissional de cuidados primários.

Atenção! Apenas porque você foi enviado a um especialista não significa que você definitivamente tenha uma condição que se enquadre na área de especialização desse especialista. Relaxe. Muitas vezes, é para garantir que algo sério seja descartado, ou riscado, da lista de possíveis problemas. Por exemplo, um encaminhamento para um oncologista não significa necessariamente que você tem câncer. No entanto, seu médico está agindo com cautela porque não ajuda esperar para ver quando o câncer pode ser o culpado.

E se me disserem que eles acham que não é nada?

Talvez seja uma parte normal do envelhecimento ou uma nova condição ainda esteja nos estágios iniciais e não possa ser detectada. Porém, se você sentir que suas preocupações não são compreendidas consulte um novo médico para uma segunda opinião.

Feche o ciclo

Uma das causas mais comuns de diagnóstico tardio ou erro é o paciente não fazer o que concordou em fazer. Portanto, tenha seu calendário disponível quando visitar seu médico para poder agendar os exames ou o especialista naquele dia. Então, sem falta, volte para o profissional de saúde com feedback. Obtenha os resultados do seu teste (nunca assuma que nenhuma notícia é uma boa notícia), discuta-os com o médico ou médica e saia da consulta com um plano de tratamento bem compreendido. Se todos os pacientes se certificassem de fechar o ciclo, o erro de diagnóstico seria bastante reduzido.

Mais informações sobre o tema DIAGNÓSTICO, numa excelente matéria. Por sinal, www.dorcronica.blog,br não tem vínculo com esse site.

Tradução livre de “Ask these key questions when you get a diagnosis”, por Helene M. Epstein

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