Neurociência e Dor - by dorcronica.blog.br

Onde a emoção dói no corpo?

Onde a emoção dói no corpo?

A emoção pode provocar dor física? Isso é possível? Certamente. A neurociência mostrou que dor emocional e física ativam regiões cerebrais semelhantes. Mas como e onde, no cérebro, isso ocorre? E será que podemos controlar a dor emocional e “impedir” que ela ocorra? Esse post responde sumariamente essas questões.

“Ansiedade, depressão, tristeza e estresse desencadeiam reações químicas em seu corpo, que podem causar inflamação e enfraquecimento do sistema imunológico.”

– Kriss Carr

Os cientistas descobriram que nenhuma área específica do cérebro monopoliza a sensação da dor, mas que, por outro lado, áreas específicas estão associadas a certas sensações dolorosas causadas por emoções. Por exemplo: sensações de aperto no peito ou de “estômago embrulhado”, resultantes de uma humilhação ou da perda de um ente querido.

Existe um processo muito intrincado que envolve a maneira como nosso corpo envia mensagens ao cérebro, resultando em sentimentos dolorosos, avisando que o mal está ou pode potencialmente nos afligir.

Quando as pessoas sentem dor emocional, as mesmas áreas do cérebro são ativadas como quando as pessoas sentem dor física: a ínsula anterior e o córtex cingulado anterior. Essas áreas estão conectadas ao nervo vago que está diretamente ligado aos nervos no tórax e na área abdominal. Essas conexões explicam por que sentimos essas emoções dolorosas diretamente na parte superior do tronco, perto do peito e do abdômen, em vez de senti-las como se alguém apunhalasse o dedo do pé ou esbarrasse no canto de uma mesa.

Em um estudo, essas regiões foram ativadas quando as pessoas experimentaram uma rejeição social experimental de seus pares. Em outro estudo da vida real, as mesmas regiões foram ativadas quando pessoas que recentemente romperam com parceiros românticos viram fotos do ex-parceiro.

Ou seja, existem conexões neurais diretas por meio do tronco cerebral e da medula espinhal. Os sistemas circulatório e linfático também carregam neurotransmissores (hormônios e células imunológicas) que encontram locais receptores no cérebro que retroalimentam e modulam as ligações entre o cérebro e o corpo. Desta forma, cada célula do corpo – cada célula – está ligada ao sistema nervoso e, como tal, pode ser sentida, quer nos permitamos ou não estar cientes deste fato psicobiológico (me sinto melhor agora, tendo dito isso por escrito).

Com a dor física, há uma ligação óbvia entre a experiência psicológica da dor e a consciência de uma localização física no corpo. A dor parece vir de um cotovelo, dedo do pé ou quadril.

Estranhamente, podemos sentir a dor física naquele local, embora a maior parte do processamento, mas não todo, esteja ocorrendo no cérebro. As vias neural, sanguínea e imunológica entre o cérebro e o corpo são marcadas com informações de localização do corpo. Por isso, se uma batida ou fisgada ocorre no joelho, sentimos a dor nesse local embora o processamento neuroquímico que leva a interpretação de que: “Aqui há dor!”, ocorre no tronco cerebral.

Onde dói a dor emocional?

Então, voltando às semelhanças neurais entre a dor física e a emocional. Se a semelhança não está apenas no cérebro, mas no corpo: onde dói uma dor emocional? Se realmente existe uma economia de redes de dor que inclui tanto a dor física quanto a emocional, e se a dor física tem uma localização no corpo, então esse silogismo simples leva à conclusão de que a dor emocional deve ter uma localização física no corpo.

Cérebro Emocional

De que forma as emoções podem ser incorporadas? Todas as emoções têm um componente motor. Mesmo se tentarmos esconder nossos sentimentos, haverá ativação muscular micro-momentânea. O cingulado anterior está localizado bem próximo à área pré-motora, que inicia o processo de formação de uma expressão emocional no corpo. A área pré-motora se conecta ao córtex motor acima dela e, em seguida, de volta aos músculos específicos da expressão.

A dor emocional pode estar localizada no corpo nos lugares onde uma expressão deveria acontecer, mas não se materializou. Se eu tivesse vontade de gritar com a pessoa que deixou o objeto no corredor, o objeto que deu uma topada no meu dedo do pé, mas eu não gritei de verdade e, na verdade, não descarreguei a minha raiva nessa pessoa, posso ter tensão muscular residual em meu pescoço, garganta e mandíbula (segurando meu grito de raiva).

E o que me diz da dor provocada pela rejeição social. Metaforicamente, os poetas sempre a situaram no coração e no peito (perda de fôlego). E de fato, é isso mesmo, diz a psicologia social. Por um lado, a sensação de segurança que vem de estar na companhia de entes queridos gera ativação vagal-parassimpática que promove uma integração fácil e relaxada da respiração e da frequência cardíaca, ambas localizadas no peito.

Por outro lado, a insegurança desequilibra o coração e a respiração e ativa o sistema nervoso simpático como se estivéssemos lidando com uma ameaça (frequência cardíaca e pressão arterial elevadas) e pode criar uma sensação de mal-estar no peito e até mesmo dor. Pessoas que sofreram bullying na infância frequentemente têm o peito retraído e posturas abatidas, que são maneiras musculares de proteger o coração e impedir o eu de se envolver totalmente com os outros por medo de ser machucado novamente. Da mesma forma, pessoas engajadas em relacionamentos amorosos inseguros são mais propensas a ter problemas cardiovasculares (e outros de saúde) do que aquelas mais seguras. 

Como controlar a dor?

Então, como podemos realmente controlar a dor e ou “impedir” que ela ocorra, agora que sabemos qual é seu propósito e seu processo?

Para a dor física, a resposta é bastante simples na maioria das vezes: anti-inflamatórios, antibióticos, analgésicos, etc. Eles são muito eficientes para nos livrarmos das dores corporais associadas a doenças e ferimentos. No entanto, e a dor emocional?

Existem 3 etapas para lidar com a dor emocional: “observar as próprias emoções, validá-las e focar no presente.

  • O primeiro passo requer uma visão imparcial das próprias emoções, sem julgá-las.
  • A segunda é aceitar que você sente essas emoções por ser quem você é como ser humano e, então, encontrar soluções para o fator específico que despertou a emoção negativa.
  • A última etapa é direcionar sua atenção para situações do presente em vez de olhar para o passado, especialmente se a situação estiver fora de seu controle. Aceitar que nem todas as circunstâncias podem ser alteradas ou controladas e que emoções negativas levam a nada.

Baseado nas seguintes publicações:Emotional and Physical Pain Activate Similar Brain Regions”, publicado em 19/04/12 no site PsychologyToday, por Alan Fogel, PhD (professor emérito de Psicologia na Universidade de Utah, em Salt Lake City) e “Science in Our World: Certainty and Controversy”, publicado pelo sitee blog do curso SC200 de Outono 2015 da Penn State.

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