O efeito placebo é um mistério psicológico. Pílulas de açúcar poderiam mesmo curar sua enxaqueca ou aliviar sua dor nas costas? E se assim for, que Deus o queira, como é que isso ocorre? Veja uma possível resposta nesse post.
“O efeito placebo existe. Pode haver alguma discordância quanto ao que é, como funciona e quão eficaz é (quais são os limites em termos de saúde e cura), mas todos os lados concordam que há alguma validade relacionada à ideia do efeito placebo.”
“Aqueles que estão respondendo (a um placebo), eles têm um alívio da dor de cerca de 30%. Esse número é importante, porque 30% é clinicamente significativo e é comparável ou mesmo superior a qualquer droga no mercado que vendemos para esses pacientes “.
Ou seja, a resposta placebo é um fato aceito pela ciência que pode ajudar no alívio à dor.
Contudo, ainda ninguém sabe como a chamada “resposta placebo” se processa, não apenas neuralmente, mas tampouco psicologicamente. Acredita-se que isso tenha a ver com a expectativa que o placebo evoca.
“As expectativas também são um componente fundamental do efeito placebo. Os placebos fornecem uma demonstração clara de como a informação somatossensorial aferente pode ser alterada de forma clinicamente relevante por informações a priori. A analgesia por placebo pode ativar tanto a medula espinhal quanto várias regiões do cérebro, incluindo o cinza periaquedutal, o córtex cingulado anterior e o córtex insular anterior.”
Veja Artigo no Blog Dor Crônica – Diferenças individuais na experiência subjetiva da dor: novos insights sobre mecanismos e modelos.
Contudo, como uma cognição – “posso ter tomado um placebo” ou “tomei um placebo” – consegue ativar uma expectativa relacionada – “vou melhorar” – a ponto de a mente mandar o corpo parar de sentir dor?
A resposta poderia ser dada por uma distração concomitante ao placebo, toda vez que a distração, sabe-se, possui efeito analgésico.
A mente é o maior de todas as curas”
O placebo então alivia a dor porque distrai o cérebro?
Cientistas da Columbia University, chefiados por Jason Buhle, testaram essa possibilidade. Eu não vou detalhar a experiência de laboratório conduzida para tanto. Apenas esclareço que ela não diferiu do modelo clássico: voluntários receberam uma tarefa requerendo cognição, e também um comprimido placebo, e depois foram submetidos a uma aplicação de calor suficientemente dolorosa. Quem quiser ir mais fundo, clique aqui.
O resultado? Ambas intervenções, a analgesia via placebo e a analgesia via distração-por-conta-da-tarefa, reduziram substancialmente a dor. Porém, agindo de maneira independente. Não foi constatada associação entre o placebo e a distração cognitiva.
O achado não invalida a possibilidade de que o placebo funcione gerando expectativa de alívio, apenas sugere que a cognição não explica seu efeito analgésico.
O que significa que os profissionais da saúde podem, sim, recorrer a placebos para, em alguma medida e por algum tempo, aliviar a dor de seus pacientes. (Isso, se as patrulhas éticas não conseguirem impedi-lo… e nessa seara eu não entro). Apenas terão que esperar mais um tempo para saber como esse recurso realmente funciona.