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O mindfulness e o seu cérebro em tempos de pandemia

O mindfulness e o seu cérebro em tempos de pandemia

Enfim, a pesquisa sobre mindfulness parece avançar a toda máquina e tudo indica que cada vez mais será demonstrada a sua utilidade prática no tratamento de problemas mentais por parte de profissionais da saúde em geral, em vez de ser uma exclusividade de psicólogos e psiquiatras. Este post mostra numa linha de tempo o desenrolar da atividade científica que há por trás disso.

“O objetivo da meditação não é controlar seus pensamentos, é parar de deixá-los controlar você”.

– Anônimo

Comecei este post apenas com a intenção de anunciar o ingresso do terceiro vídeo sobre Mindfulness no canal Youtube do blog. Lembremos que uma série de 4 vídeos sobre o tema foi montada em março-abril com ajuda da Dra. Michele Peres Ferreira, da qual já foram divulgados os dois primeiros: “O que é Mindfulness” e “Para que Serve o Mindfulness”.

Agora é a vez de apresentar “Como o Mindfulness age no cérebro”.

Relembrando o que eu consultei para construir esse post, porém, dei com alguns pontos que o vídeo destaca, mas que nunca é demais comentar. Se você pratica mindfulness ou está pensando nisso, eles talvez lhe interessem.

Em 1992, o neurocientista Richard Davidson, da University of Wiscosin-Madison (EUA), recebeu um desafio do Dalai Lama quando foi visitá-lo em sua residência em Dharamsala, na Índia.

Se Davidson usava a neurociência moderna (ex.: fMRI) para estudar a depressão, a ansiedade e o medo, por que não usá-las para responder duas perguntas:

  • Por que algumas pessoas são mais resilientes que outras diante da tragédia?
  • A resiliência é algo que você pode obter através da prática?

Davidson e seus colegas investigaram os cérebros de oito “praticantes budistas de longa data”, notando mudanças significativas enquanto meditavam. Conclusão: se eles eram capazes de mudar, então poderiam ser ensinados a ser mais resilientes. Além disso, os pesquisadores também descobriram ativação na região da ínsula anterior, relacionada à coordenação cérebro-corpo e, portanto, ao bem-estar.

Em 2008, Zoran Josipovic, professor da New York University, escaneou os cérebros de 20 meditadores experientes enquanto eles meditavam na tentativa de entender como seus cérebros se reorganizavam durante o exercício. Como assim?

O cérebro parece estar organizado em duas redes: a rede extrínseca e a rede intrínseca, ou padrão.

  • A porção extrínseca do cérebro se torna ativa quando os indivíduos se concentram em tarefas externas, como praticar esportes ou servir uma xícara de café.
  • A rede padrão ocorre quando as pessoas refletem sobre assuntos que envolvem a si mesmos e suas emoções.

Normalmente, uma rede monopoliza a atenção e isso facilita a concentração na tarefa do momento, evitando sonhar acordado.

Josipovic descobriu que alguns monges budistas e outros meditadores experientes conseguem manter as duas redes neurais simultaneamente acesas enquanto meditam. Essa capacidade os ajuda a experimentar um sentimento harmonioso de unidade com o ambiente.

“O corpo se beneficia do movimento, e a mente se beneficia da quietude”.

– Sakyong Mipham

Em 2012, liderados pelo Dr. Richard Davidson, o mesmo antes mencionado, pesquisadores conectaram 256 eletrodos a um monge franco-tibetano chamado Matthew Ricard, um confidente próximo do Dalai Lama.

“A atividade em seu córtex pré-frontal esquerdo (responsável por subjugar emoções negativas) e níveis anormais de ondas gama (sugerindo sinais de felicidade) os levaram a chamá-lo de ‘o homem mais feliz do mundo’ ”.

Enfim, a pesquisa sobre meditação, particularmente nos últimos 10 anos, mostrou que existem várias maneiras pelas quais a meditação pode alterar a estrutura e a função do cérebro:

  • Amplia o córtex pré-frontal. Tomada racional de decisões.
  • Encolhe a amígdala. Maior controle emocional.
  • Engrossa o hipocampo. Aprendizagem e memória.
  • Aumenta a massa cinzenta geral. Inteligência.
  • Melhora a atividade de ondas cerebrais gama de alta amplitude. Maior consciência e bem-aventurança.

Outra pesquisadora, Sara Lazar, neurocientista do Massachusetts General Hospital e Harvard Medical School, chegou a conclusões semelhantes após colocar pessoas que nunca tinham meditado antes, em um programa de oito semanas de atenção plena com foco na redução de estresse.

Ela encontrou uma mudança de volume em cinco regiões cerebrais:

  • Giro cingulado posterior, o qual está relacionado às lembranças e autorregulação.
  • Hipocampo da esquerda, o qual dá suporte ao aprendizado, cognição, memória e regulação emocional.
  • Junção temporoparietal, ou JTP, à qual está associada a tomada de decisões, empatia e compaixão.
  • Uma área do tronco do cérebro chamada de Ponte, onde muitos neurotransmissores reguladores são produzidos.
  • A amigdala, a parte do cérebro responsável pelo instinto de ataque ou fuga, e que é importante nos aspectos da ansiedade, medo e estresse em geral, ficou menor.

Por fim, a Dra. Lazar mostrou que mudanças no cérebro poderiam ocorrer em algumas pessoas após apenas oito semanas.

Recentemente, dois cientistas da Harvard Medical School – também ligados a Benjamin Shapero, psicólogo, e Gaelle Desbordes, neurocientista – têm investigado como provar cientificamente o valor do mindfulness enquanto recurso terapêutico.

A pesquisadora Gaelle Desbordes está investigando o efeito da meditação da atenção plena na depressão, usando a ressonância magnética funcional (fMRI) para capturar imagens de antes e depois dos cérebros de pacientes deprimidos que aprenderam a meditar. O trabalho procura entender os processos cerebrais internos afetados pelo treinamento em meditação de atenção plena nessa população.

Enfim, a pesquisa sobre mindfulness parece avançar a toda máquina e tudo indica que cada vez mais será demonstrada a sua utilidade prática no tratamento de problemas mentais por parte de profissionais da saúde em geral, em vez de ser uma exclusividade de psicólogos e psiquiatras.

O terceiro vídeo da série Mindfulness que o blog publica em seu canal no Youtube resume o conteúdo deste post. A linguagem televisiva pode ser mais entretida que a leitura, vai saber. Não deixe de assistir – e de divulgar, se for de seu agrado.

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