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O combate ao coronavírus: quem dá menos?

O combate ao coronavírus: quem dá menos?

A pandemia do novo coronavírus fez e ainda faz uma série de governantes e equipes de governo pelo mundo afora, mostrar a sua verdadeira cara. Foi um achado. Alguns a gente descobriu que nem cara tinham. Este post ventila a opinião pessoal de um simples observador que, confinado no seu grupo de alto risco, assiste melancolicamente a vaca ir para o brejo, aqui e acolá.

“A criação de uma máquina de alta velocidade para fazer máscaras N95 em uma pandemia e um projeto para fazer máscaras reutilizáveis ​​visava aliviar a escassez. Os esforços não levaram a uma única nova máscara para a resposta do governo.”

The Washington Post, 03/04/20

“EUA são acusados de reter itens médicos destinados a outros países. De europeus a brasileiros, Washington deixa aliados na mão ao superar valor de compra de contratos já assinados ou apreender remessas de produtos, como máscaras e respiradores.”

– Deutsche Welle DW, 02/04/20

Há meses que venho acompanhando o vai-e-vem de dois países diante da epidemia do coronavírus que os afeta. Um deles é os Estados Unidos, onde morei durante vários anos e conheço bem. O outro país? Adivinha, bom adivinhador.

Na minha cabeça a comparação se perfilou inevitável e hoje me ocorreu ventilá-la no blog.  Compartilhá-la com pessoas que acessam a página buscando alívio para suas dores crônicas. Dores estas que com certeza ficaram ou vão ficar ainda mais crônicas se continuam no meio desta insanidade sem se proteger psicologicamente.

Então por que chamar a atenção para o que anda mal? Que tal um post otimista, capaz de alegrar os confinados?

Simples: porque sem ter clara consciência da realidade, uma postura otimista não passa de uma ilusão.

Dor Crônica - O Blog das Dores Crônicas

Depois desse aperitivo vejamos a realidade que eu estou vendo.

As similaridades vergonhosas entre os dois países:

  • Atraso – se nos EUA uma estratégia de distanciamento social não tivesse sido endossada pela maior autoridade do país há uma semana, a projeção de mortos pelo coronavírus hoje seria de 2,3 milhões e não os 1,2 milhão oficialmente previstos. Mas com um detalhe: esses 1,2 milhão poderiam ser 100 mil ou 200 mil se aquela estratégia tivesse sido tomada duas semanas antes. Os maiores jornais americanos (NYT, Washington Post, Los Angeles Times) não estão batendo agora nessa tecla porque tem pratos melhores na mesa, mas a Casa Blanca que se cuide quando o surto passar e a contagem dos mortos for encerrada.
  • Lideranças estúpidas, mentirosas e incultas, falam e agem apenas para seus seguidores.
  • O Poder Executivo foi avisado e preferiu brigar com a realidade e nada fazer.
  • A etapa de Contenção da epidemia foi atropelada, agora está na etapa seguinte, a da Mitigação dos estragos que a epidemia está causando.
  • A estratégia de isolamento horizontal, o único recurso capaz de mitigar o surto, ainda não é unanimidade na prática. A maior parte da população aderiu, mas alguns bolsões de termocéfalos ainda a questionam e se recusam a adotá-la. Nos EUA, no sábado 04/04, havia cinco estados que não a tinham decretado e 19 que permitiam cultos religiosos. Cumprir uma estratégia do tipo pela metade é o mesmo que detonar o seu propósito, que é mitigar o surto. Saindo de uma igreja um fiel porventura infectado pode contaminar outros 406 próximos em um mês, fiéis ou infiéis.
  • No meio do caos, os que estão em posição de autoridade para tirar o país da crise se concentram mais em brigar entre eles, os vivos, do que em achatar a curva dos mortos.
  • A carência de recursos médicos preventivos (ex.: máscaras), intervencionistas (nas UTI´s) e até funerários (ex.: espaços para covas) para enfrentar as consequências nas primeiras etapas da crise, é escandalosa.
  • Os profissionais da saúde que estão na linha de frente nos hospitais vão à TV para denunciar que se sentem desprotegidos enquanto suas fileiras já apresentam baixas fatais.
  • O Governo Central ameaça confiscar os equipamentos estaduais que os hospitais usam para manter vivos os pacientes afetados mais severamente pela doença (respiradores etc.). Os estadistas estaduais acenam com “judicializar” a questão.
  • O epicentro do surto ocorre na cidade mais importante do país, mas outros hot spots começam a pipocar vigorosamente pelo mapa.
  • Políticos, cientistas e dirigentes concordam em que a taxa de mortalidade vai ficar pior antes de ficar… menos pior.
  • Os setores do Executivo responsáveis por extrair da administração pública, estadual e local, dados confiáveis, atualizados e completos sobre o surto viral e seus efeitos, para depois informar oportunamente à população, ainda falham nessa missão.
  • A maior parte da dita cuja – a população, que se conta em dezenas de milhões nos dois países – hoje está psicossocialmente acuada, assustada e desorientada. Ponto final (ou quase).


Algumas similaridades honrosas entre os dois países:

  • As autoridades da Saúde mostram competência (ao menos na retórica e defesa de posições). O único momento de sanidade no noticiário parece ser quando elas explicam alguma coisa, e a justificam afirmando que aquilo é baseado em ciência. Falou Zaratustra.
  • A área acadêmica é muito bem qualificada.


A Maior Diferença entre os dois países:

  • Nos EUA, o cara que pensava que o tal do coronavírus não metia medo já recuou (veja o gráfico acima).
  • Nos EUA, você assiste as notícias à noite e elas são tão explícitas e completas, que você nem pode mais dormir.
  • Os EUA têm grana à vontade para comprar a sua saída da crise.
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