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Fibromialgia: ainda em busca de identidade médica

Fibromialgia: ainda em busca de identidade médica

Este é o último de uma série de 7 artigos sobre fibromialgia. E por que concentrar tanta atenção nessa doença? Simples: ela afeta milhões – entre 10 e 12 milhões, no Brasil – e sequer é reconhecida como tal, ou seja, como doença-do-corpo, por muitos profissionais da saúde. Quando mais, por dizer alguma coisa, costuma ser qualificada como “coisa da cabeça”. Isso, porque ela está intimamente ligada e frequentemente indistinguível da neurastenia, um distúrbio do final do século 19 e início do século 20 que perdeu prestígio quando foi percebido como uma doença psicológica, e ocorre que, na prática, para a medicina convencional “doenças psicológicas” não existem. Contudo, achados da neurociência provam que o estigma “psicológico” da fibromialgia em nada desmente que a dor no seu caso seja real, e convenhamos, muitas vezes real.

Mas não é apenas pelo fato, inegável, dessa doença crônica ser maltratada pela medicina clínica, principalmente na atenção primária, que eu tenho focado nela. Ocorre que há três anos, quando iniciei esse blog, eu sofria de dor semi-generalizada, pensei que fosse fibromialgia, notei o pouco caso que ela recebia dos médicos e imaginei que isso fosse por falta de informação. Desde então publiquei um ebook de quase 300 páginas, 17 posts e 22 artigos considerados científicos a seu respeito. E como tive que ler muito para fundamentar essa produção literária, provavelmente por simbiose, acabei me enfronhando no assunto.

Obviamente, hoje eu sou apenas um paciente estudioso, ou um aficionado do assunto. Não passo disso, porém, desde essa precária plataforma me atrevo a dizer que a fibromialgia continua a ser uma doença amaldiçoada, uma espécie de “cruz credo” da medicina, que apavora pacientes e espanta médicos.

Mas não é, como eu pensava, por falta de informação. Você duvida? Acesse os sites das melhores publicações científicas do mundo acidental (ex.: The Lancet, Nature, JAMA, The BMJ…), digite fibromyalgia e ver-se-á sufocado por matérias afins.

O problema da fibromialgia ainda ser uma doença órfã, com pacientes preferentemente do gênero feminino vagando de consulta em consulta sem conseguir diagnóstico e tratamento satisfatórios, não é falta de informação. É falta de estudo, principalmente.

Autor: Julio Troncoso

Os pontos-chave da série sobre Fibromialgia:

  • A fibromialgia é uma construção clínica sem qualquer teste clínico ou laboratorial confirmatório.
  • A dor é o principal sintoma, associada a distúrbios do sono, fadiga, alterações cognitivas e transtorno do humor de gravidade variável.
  • Os médicos da atenção primária podem diagnosticar fibromialgia com confiança, sem a necessidade de confirmação de um especialista, e a prática atual de investigações extensas deve ser restringida.
  • Ainda não se sabe se o diagnóstico e a intervenção precoces podem reduzir a gravidade e a duração dos sintomas da fibromialgia.
  • O manejo ideal da fibromialgia é uma abordagem multimodal que combina tratamentos não farmacológicos e farmacológicos.
  • Os sintomas da fibromialgia variam com o tempo e raramente desaparecem completamente.
  • O verdadeiro potencial de reabilitação para pacientes com deficiência prolongada por fibromialgia é desconhecido.

Não deixe de conhecer os outros posts da série sobre Fibromialgia:

1 Como o diagnóstico da fibromialgia mudou? Ver post →
2 Como diagnosticar a fibromialgia? Ver post →
3 Como as novas evidências neurofisiológicas sobre a fibromialgia podem propiciar seu gerenciamento racional? Ver post →
4 Qual é a estratégia de tratamento ideal da fibromialgia? Ver post →
5 Quais são os tipos de tratamento indicados para a fibromialgia? Ver post →
6 Quais medidas de resultados podem ser aplicadas na prática clínica? Ver post →
7 Fibromialgia: ainda em busca de identidade médica  
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