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Enxaqueca: a dor crônica campeã

Enxaqueca: a dor crônica campeã

Enxaqueca, um tema médico sobre o qual milhares de artigos foram publicados nos últimos 100 anos. Mais do que compreensível uma vez que em qualquer ranking de dores crônicas, a enxaqueca (não confundir com a dor de cabeça) tende a ser uma das mais prevalentes (às vezes até ultrapassando a dor musculoesquelética). Expor o tema, todavia, é um desafio – ainda nem sequer os neurocientistas conseguem apontar a sua causa. Os genes? O ambiente? A sensibilização central? Não se sabe. Optei, assim, por facilitar ao leitor leigo um voo rasante pelo que hoje é sabido sobre essa doença neurológica; os fatos, enfim, que a caracterizam.

“A depressão afeta quase 80% das pessoas que sofrem de enxaqueca em um momento ou outro. Pessoas com enxaqueca, especialmente a crônica, também são mais propensas a sentir ansiedade intensa e a ter tendências suicidas. Se queremos viver uma vida feliz e alegre com enxaqueca, é vital que reconheçamos e lidemos com as realidades emocionais da doença.”

– Sarah Hackley

Esse post é um apanhado dos principais fatos que hoje caracterizam a enxaqueca.

O que é?

Dor que ocorre só de um lado da cabeça, com intensidade moderada a intensa, normalmente pulsante, que dura entre quatro e 72 horas, e costuma vir com outros sintomas, como náusea, vômito, tontura, sensibilidade à luz e ao barulho. Trata-se de uma alteração dos neurônios que se propaga, se espalha pelo córtex e leva a alterações na vasculatura, que acarretam a hipersensibilidade do cérebro e, enfim, a dor.

Todo mundo conhece alguém que sofre de enxaqueca ou também sofre com ela

  • É uma doença neurológica extraordinariamente prevalente, afetando 39 milhões de homens, mulherescrianças nos Estados Unidos, 31 milhões no Brasil e 1 bilhão em todo o mundo.
  • É a 3ª entre as doenças prevalentes no mundo.
  • Quase 1 em cada 4 famílias nos EUA inclui alguém com enxaqueca.
  • A população brasileira tem 15,2% de enxaqueca, 13% de cefaleia tensional e 6,9% de cefaleia crônica diária. A população americana tem 12% de enxaqueca.
  • 18% das mulheres americanas, 6% dos homens e 10% das crianças têm enxaquecas.
  • É mais comum entre 18 e 44 anos.
  • Cerca de 90% das pessoas que sofrem de enxaqueca têm um histórico familiar.

A maioria das pessoas não percebe como a enxaqueca pode ser séria e incapacitante

  • É a 6ª. doença mais incapacitante no mundo.
  • A cada 10 segundos, alguém nos EUA vai ao pronto-socorro reclamando de dor de cabeça, e aproximadamente 1,2 milhão de visitas são para ataques de enxaqueca aguda.
  • Enquanto a maioria dos sofredores experimenta ataques uma ou duas vezes por mês, um décimo têm enxaqueca diária crônica, com pelo menos 15 dias de dor por mês.
  • Mais de 90% dos pacientes são incapazes de trabalhar ou funcionar normalmente durante a enxaqueca. Estima-se que uns 25 milhões de dias de trabalho ou estudo sejam perdidos a cada ano no Reino Unido – um país cuja população é menos de um terço da brasileira.
  • Mais frequente no público feminino – só na região sudeste 30% das mulheres sofrem com as crises, a doença é uma das principais causas de falta ao trabalho. A média é de quatro dias perdidos de trabalho por ano.

A enxaqueca é muito mais do que uma forte dor de cabeça

  • É uma doença neurológica com sintomas neurológicos extremamente incapacitantes.
  • É geralmente uma dor forte e latejante recorrente, geralmente em um lado da cabeça. Mas em cerca de 1/3 dos ataques, ambos os lados são afetados.
  • Em alguns casos, outros sintomas incapacitantes estão presentes sem dor de cabeça.
  • Cerca de 25% das pessoas que sofrem com a doença também apresentam um distúrbio visual denominado aura, que geralmente dura menos de uma hora.
  • Em 15-20% dos ataques, outros sintomas neurológicos ocorrem antes da dor de cabeça real.
  • Os ataques geralmente duram entre 4 e 72 horas.

Uma crise pode ser dividida em quatro etapas com sintomas distintos

  • Na premonitória, o período anterior à dor de cabeça, é comum o desejo por determinados alimentos, como chocolate, alterações de humor, cansaço, bocejos e retenção de líquidos.
  • Depois vem a aura, que normalmente precede a crise, mas também pode ocorrer simultaneamente. Ela ocorre em 15 a 25% das enxaquecas, e se manifesta com alterações na vista como embaçamento, pontos ou manchas escuras na visão, linhas em “zig zag” e pontos luminosos que duram de cinco minutos a uma hora. Em casos raros podem acontecer auras sem dor de cabeça.
  • A etapa da cefaleia é o período mais incapacitante e incômodo. A sensação é de dor de um lado da cabeça e latejamento que pioram com qualquer esforço físico. Além disso, náuseas, vômitos e sensibilidade a barulhos, luz e cheiros podem acompanhar a dor.
  • Por último vem a fase de resolução, que é a recuperação do organismo após a dor intensa de cabeça e se caracteriza por intolerância a alimentos, dificuldade de concentração, dor muscular e fadiga. Os ataques costumam ser acompanhados por um ou mais dos seguintes sintomas incapacitantes: distúrbios visuais, náuseas, vômitos, tontura, extrema sensibilidade ao som, luz, toque e cheiro, e formigamento ou dormência nas extremidades ou rosto.

Para muitos pacientes, é uma doença crônica que diminui significativamente sua qualidade de vida

  • O uso excessivo de medicamentos é a razão mais comum pela qual a enxaqueca episódica se torna crônica.
  • Depressão, ansiedade e distúrbios do sono são comuns para pessoas com versão crônica.
  • Mais de 20% dos que sofrem de enxaqueca crônica são deficientes, e a probabilidade de deficiência aumenta drasticamente com o número de comorbidades.

A enxaqueca afeta desproporcionalmente as mulheres

  • 85% dos que sofrem de enxaqueca crônica são mulheres.
  • Afeta cerca de 28 milhões de mulheres nos Estados Unidos. Proporcionalmente, 19 milhões no Brasil.
  • Aproximadamente 1 em cada 4 mulheres terá enxaqueca em suas vidas.
  • Entre duas e três vezes mais mulheres do que homens sofrem com a doença na idade adulta.
  • Cerca de metade das mulheres sofrem mais de um ataque por mês, e um quarto experimenta 4 ou mais ataques graves por mês.
  • Ataques mais graves e frequentes geralmente resultam de flutuações nos níveis de estrogênio.
  • Antes da puberdade, os meninos são mais afetados do que as meninas, mas durante a adolescência, o risco de enxaqueca e sua gravidade aumentam nas meninas.

A enxaqueca também afeta as crianças

  • A enxaqueca geralmente não é diagnosticada em crianças.
  • Cerca de 10% das crianças em idade escolar sofrem de enxaqueca e até 28% dos adolescentes entre 15 e 19 anos são afetados por ela.
  • Metade de todos os que sofrem de enxaqueca tem seu primeiro ataque antes dos 12 anos de idade. A enxaqueca foi relatada em crianças de apenas 18 meses. Recentemente, descobriu-se que a cólica infantil está associada à enxaqueca infantil e pode até ser uma forma inicial de enxaqueca.
  • As crianças que sofrem, faltam à escola duas vezes mais do que as crianças sem enxaqueca.
  • Na infância, os meninos sofrem de enxaqueca com mais frequência do que as meninas; à medida que a adolescência se aproxima, a incidência aumenta mais rapidamente nas meninas do que nos meninos.
  • Uma criança que tem um dos pais com enxaqueca tem 50% de chance de herdá-la e, se ambos os pais têm enxaqueca, as chances sobem para 75%.

A enxaqueca é um problema de saúde pública com graves consequências sociais e econômicas

  • Os custos com saúde e perda de produtividade associados à enxaqueca são estimados em US $ 36 bilhões anuais nos EUA.
  • Os americanos que sofrem de dor de cabeça gastam US $ 1 bilhão em exames cerebrais a cada ano.
  • As pessoas que sofrem de enxaqueca, como aquelas que sofrem de outras doenças crônicas, enfrentam os altos custos dos serviços médicos, muito pouco suporte e acesso limitado a cuidados de qualidade.
  • Além do peso de um ataque de enxaqueca em si, ter enxaqueca aumenta o risco de outras condições físicas e psiquiátricas.

A enxaqueca continua a ser uma doença mal compreendida que frequentemente não é diagnosticada e é subtratada

  • Em 2020, havia cerca de 700 especialistas certificados em dor de cabeça nos EUA e 39 milhões de pacientes. No Brasil, essa especialidade sequer existe.
  • Mais da metade de todos os que sofrem de enxaqueca nunca são diagnosticados.
  • A grande maioria das pessoas que sofrem de enxaqueca não procura atendimento médico para a dor.
  • Apenas 4% das pessoas que sofrem de enxaqueca que procuram atendimento médico consultam especialistas em dor de cabeça e/ou dor.

Fontes:

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2 respostas

  1. Depois que comecei tratar minha enxaqueca é que descobri o quanto ela é grave. Demorei para notar o quanto ela é incapacitante. Descobrir que sim, que “existe vida sem dor”, foi uma sensação que nem consigo descrever, foi surreal, foi sensacional. Se você desconfia que seu problema pode ser enxaqueca, procure ajuda especializada, você não vai se arrepender.

    1. Grato pelo seu comentário. Não é somente enxaqueca. Qualquer dor crônica não maligna é tratável, mas não apenas por médicos. A participação ativa do paciente no seu tratamento é fundamental. Infelizmente, poucos o conseguem.

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