A essa altura você já deve – ou deveria – estar familiarizado(a) com a ilustração acima. Em suma: retardar e achatar a curva salva vidas. O gráfico está sendo divulgado amplamente na internet para destacar a necessidade de reduzir o número de afetados com o Covid-19 num primeiro estágio de crescimento da doença. Como? Através do isolamento social. Saiba mais neste post.
“Nunca dependa de uma estrada, dependa de seus passos”
A essa altura você já deve – ou deveria – estar familiarizado(a) com a ilustração acima. Obra do jornalista de dados visuais Rosamund Pearce, ela é baseada em um gráfico de um artigo do Centers for Disease Controle and Prevention dos EUA, intitulado “Diretrizes da comunidade para a prevenção da gripe pandêmica”. A curva alta, à esquerda, atinge o pico do contágio populacional com o vírus no curto prazo; enquanto a outra curva, mais plana, indica uma taxa de infecção mais gradual, num prazo maior.
A diferença entre as duas curvas é a pressão exercida pela procura de assistência por parte da população, sobre o sistema de saúde – leia-se equipes médicas, camas, equipamentos de respiração etc. disponíveis. Na curva mais alta esse sistema é transbordado por uma enxurrada de pessoas procurando assistência (o eixo vertical) num curto espaço de tempo (o eixo horizontal); a curva plana então surge como a alternativa desejável: as pessoas procuram assistência ao longo de um espaço de tempo maior que o anterior, porém viabilizando um atendimento médico/hospitalar adequado. Em suma: retardar e achatar a curva salva vidas.
O gráfico está sendo divulgado amplamente na internet para destacar a necessidade de reduzir o número de afetados com o Covid 19 num primeiro estágio de crescimento da doença. Como? Através do distanciamento social. Quanto menos gente na rua, menor a possibilidade de contágio e menor o número de gente infectada (ou suspeitando estar infectada). Uma explicação melhor e mais detalhada do anterior – as curvas e de como evitar a mais alta em prol da achatada – você tem nesse video made-by-mim-mesmo. (Se você apreciar o que vê, são apenas 3 minutos, peço-lhe encarecidamente depois divulgar. Quanto mais gente assistir no país, maiores as chances de achatarmos a maldita curva.)
No fim da linha, porém, de que depende o achatamento? De algo chamado distanciamento social. Não, desculpe, eu estou atrasado em… um dia. Distanciamento social era ontem; hoje já é confinamento social.
O distanciamento social envolve medidas amplas, como o cancelamento de eventos esportivos e o fechamento de escolas, na tentativa de retardar a propagação de infecções transmitidas pelo ar, o que pode ajudar as autoridades a rastrear e restringir sua transmissão. Já o confinamento social exige que você fique guardadinho, em casa. Ponto final.
“Vimos evidências da eficácia do distanciamento social na China, onde cancelaram reuniões públicas, aconselharam a quarentena e fecharam áreas de tráfego pesado. Desde que essas medidas foram implementadas, os casos se estabilizaram.”
Mas essa declaração também é longeva. Quando a Dra Roy a emitiu eram permitidas reuniões de até 500 pessoas em New York, sua cidade. Dava para encher a quadra mais comprida da Times Square. Hoje não mais: a permissão caiu para 50 pessoas. Uma quota ainda bastante mais liberal que na Itália e na Espanha onde ela atualmente é… nenhuma pessoa. Ponto final, de novo.
E tudo isso, para achatar a tal curva. O que, convenhamos, depende do indivíduo aceitar se isolar dos outros. Ou seja, de um bípede que fala inglês, ou polonês, ou espanhol, ou português; que foi criado em ambientes culturais e legais muito diferentes entre si, que está sendo convidado com argumentos muito distintos a se submeter por períodos que uns dizem ser de 14 dias, outros de 40 dias e há ainda os que falam em “tempo indeterminado”, a uma existência absolutamente nova, incerta e em princípio insuportável.
Uma bela ironia! Tanta tecnologia, conhecimento científico, Medicina baseada em evidências e o escambau, pesquisas randomizadas e controladas e o Capeta… e no final das contas tudo depende de convencer uma pessoa a fazer o que ela não quer. Será possível? Mais disso num próximo post.
2 respostas
Sem o isolamento social a curva de contagio de um agente cresce exponencialmente. Correto!
Crescendo exponencialmente, o nunero de casos complicados aumenta na mesma proporçao e o sistema de saúde nao tem capacidade para comportar. Correto!
O sistema de saude nao comportando gera um aumento de mortes por incapacidade de atendimento, suporte ou tratamento. Correto!
Portanto, o isolamento social é medida essencial para achatar a curva e reduzir a sobrecarga do sistema. Tambem correto.
O incorreto é optar pelo isolamento horizontal e aceitar as consequencias nefastas que o acompanham.
O isolamento vertical atingiria os mesmos objetivos mas sem as consequencias negativas. Certamente a curva de contagio apontaria um crescimento rapido com picos elevados. Entretanto, o numero de complicacoes seria baixo porque a populacao exposta apresentaria baixo risco de complicacao. O sistema de saude seria preservado e o impacto social e economico extremamente reduzidos. Enfim….
Obrigado pelo seu comentário. A proposta do isolamento vertical ficou obsoleta, na medida que a imunidade de rebanho deixou de ser uma opção em todos os países que a cogitaram (5 meses atrás). De qualquer maneira, respeito a sua opinião. Até mais.