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Coronavírus: o que o covid-19 faz com seu corpo?

Coronavírus: o que o covid-19 faz com seu corpo?

Os seguidores do blog nos últimos dias devem ter notado uma mudança de foco editorial. O termo soa pomposo, mas é isso mesmo: antes o foco era dor crônica, agora todos os caminhos chegam e saem do coronavírus. Quando possível, estabeleço laços com dores crônicas, sim, porém a referência central é o coronavirus. Por razões óbvias. O blog já se aproxima dos 100 mil seguidores e isso traz uma certa responsabilidade em momentos socialmente críticos como o atual.

E o que um simples blog pode oferecer no meio de uma chuva de dados chegando até você vindos de todos os cantos do planeta, sobre um tema espinhoso e quase desconhecido?

Resposta: a exploração de ângulos interessantes que a mídia não explora o suficiente, ou que, ao contrário, explora tão bem que merecem ser repetidos pra assim atingir o maior número possível de pessoas.

É o caso deste artigo publicado no The New York Times há dois dias: “Coronavírus: o que a Covid-19 faz com seu corpo”.

Para começar: o coronavírus e o Covid-19 são a mesma coisa? O coronavírus é uma família de vírus que causa infecções respiratórias, descoberta nos anos 60. O Covid-19 é um novo agente do coronavírus recém descoberto na virada do ano, na China. Provoca a doença chamada de coronavírus (COVID-19). Tudo em família.

Essa explicação semântica, no entanto, interessa menos que a sua fonte: um site do Ministério da Saúde do Brasil que consegue informar estupendamente marinheiros de primeira (e até de segunda) viagem no navio do Covid-19.  Pena que as ações que figuram na sua linha de tempo terminem no dia 26 de fevereiro e já estamos em 19 de março. Ninguém é perfeito.

Voltando ao artigo do The New York Times. Por que eu acho ele interessante? Porque todos já sabemos o que fazer para nos protegermos – lavar as mãos, evitar aglomerações, home office etc – porém, fora os sintomas de praxe – febre, tosse, coriza, falta de ar – quem é que sabe mesmo o que esse vírus maldito faz com o corpo?

Eu mesmo não sabia até ler o artigo. E confesso que andei cerceando ele um pouco para agilizar a leitura, mas o essencial foi preservado. Vejamos,

“O coronavírus é principalmente um vírus respiratório”, explica William Schaffner, professor de medicina preventiva e doenças infecciosas no Centro Médico da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos.

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© SPL Imagem dos pulmões de uma pessoa infectada mostra áreas com pneumonia

Por esse motivo, começa infectando a garganta.

Quando o vírus entra no nosso corpo — por meio dos olhos, boca ou nariz — “ele se liga às células da mucosa do fundo do nariz e da garganta”, diz o especialista.

Para se replicar, o coronavírus precisa ‘sequestrar’ uma célula.

Graças às proteínas em forma de lança que se projetam de sua superfície, o coronavírus pode penetrar na membrana dessas células.

“E uma vez dentro da célula, como os outros vírus, ele começa a dar ordem para produzir mais vírus”.

É assim que o vírus deve se replicar, pois, sendo um agente infeccioso microscópico acelular, só pode se multiplicar dentro das células de outros organismos.

Quando as cópias estão prontas, elas deixam a célula onde se originaram, a destroem e começam a infectar outras células.

Cada vírus pode criar entre 10 mil e 100 mil cópias.

“Quando isso ocorre, o corpo percebe que o vírus está lá e produz uma resposta inflamatória para tentar combatê-lo”, explica Schaffner.

“O vírus então entra nos tubos brônquicos (as vias aéreas que vão para os pulmões) e ali produz inflamação na mucosa desses tubos”.

“É por isso que começamos a sentir um pouco de dor de garganta e podemos ter um nariz entupido. Isso causa irritação e, portanto, começamos a tossir”, diz Schaffner.

Quando isso ocorre, “a resposta inflamatória aumenta porque o corpo está combatendo o vírus e, consequentemente, a febre aparece”.

Nesse ponto, começamos a nos sentir mal e a perder o apetite.

A situação pode piorar se o vírus “sair do canal brônquico e atingir os pulmões, onde causa inflamação (pneumonia)”.

Aí o problema não é apenas a infecção, mas a maneira como nosso corpo responde para combatê-la, explica Kalpana Sabapathy, médico clínico e epidemiologista da equipe de saúde global da Escola de Higiene e Medicina Tropical em Londres, Reino Unido, à BBC News Mundo.

“Para evitar que a infecção sequestre nossas células, nosso corpo produz substâncias químicas bastante agressivas”.

No caso da pneumonia, “(o vírus) cria congestão nos pequenos sacos de ar na base dos nossos pulmões (alvéolos)”.

Essas pequenas estruturas são aquelas que normalmente se enchem de ar e, através de suas paredes, ocorre a troca pela qual o oxigênio chega ao sangue e daí para o resto do corpo.

“Mas se essas bolsas estão cheias de infecção, combinadas com a resposta do nosso corpo a essa infecção, elas têm menos capacidade de ar”, diz Sabapathy.

‘Guerra’

Schaffner compara a resposta inflamatória com um conflito bélico.

“Imagine que é uma guerra. Existem dois exércitos que lutam entre si, mas às vezes as bombas machucam civis. Ou podem cair no hospital ou no museu, mas não no inimigo”, diz ele.

Em outras palavras, a resposta pode ser tão poderosa que acaba danificando o tecido onde o vírus é encontrado.

“Chamamos isso de dano colateral. É o que pode acontecer quando a resposta inflamatória é tão forte que aumenta o problema da pneumonia”, acrescenta.

Isso significa que a infecção não precisa passar para outra parte do corpo para que uma pessoa infectada fique em estágio crítico.

Basta com que uma porção suficiente de tecido pulmonar seja afetada, para o paciente respirar com dificuldade, porque ele não pode respirar o ‘ar ruim’ e inalar o ‘bom'”.

“E se o corpo não recebe oxigênio suficiente, isso leva à insuficiência respiratória e o coração, sem oxigênio suficiente pela corrente sanguínea, não pode funcionar”. Nesse caso extremo, o paciente deve ser hospitalizado e pode precisar estar conectado a um respirador.

Mas o coronavírus também pode se espalhar para outra parte do corpo?

Por todo o corpo

Como Amy Compton-Phillips, diretora clínica do Sistema de Saúde Providence nos Estados Unidos, explicou ao jornal americano The New York Times, a infecção pode se espalhar do nariz para o reto.

Embora inconclusivo, um estudo publicado em março na prestigiada revista científica The Lancet sugere que o Covid-19 “não é apenas capaz de causar pneumonia, mas também pode causar danos a outros órgãos, como coração, fígado e rins, assim como em sistemas corporais como o sangue ou o sistema imunológico”.

Com base em estudos realizados sobre a SARS (síndrome respiratória aguda grave), “prima” do Covid-19, “achamos que ela pode ir para outras partes do corpo”, diz Schaffner.

Isso pode explicar em parte por que alguns pacientes infectados sofreram diarreia e dor abdominal, problemas que não estão diretamente ligados a uma infecção respiratória.

Essas doenças, diz Schaffner, referindo-se à SARS e MERS (coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio) “parecem muito semelhantes nos estágios mais graves”.

Mas para chegar a essa conclusão, será necessário “conhecer os resultados das autópsias, e essas informações estão apenas começando a ser reveladas”, diz ele.

Quanto aos danos a longo prazo, tanto nos pulmões quanto em outros órgãos, o especialista diz que a grande maioria dos pacientes tem uma recuperação completa.

Embora também “haja alguns relatos de pacientes que, como consequência da inflamação, possam ter algumas cicatrizes nos pulmões e uma função pulmonar reduzida”.

“Levará tempo para determinar isso com mais precisão, e agora a atenção está focada nos casos agudos da doença”.

“Ainda não tivemos tempo para pensar no longo prazo”, conclui o especialista.

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