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Antidepressivos: os sete mitos

Antidepressivos: os sete mitos

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está entre os países com maior número de casos de depressão e ansiedade no mundo. Nas Américas, com 5,8% de depressivos, ele só fica atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. Nos EUA, sofreram pelo menos um episódio depressivo maior no ano passado. Além disso, 35% dos adultos com depressão relatam não receber tratamento. E no Brasil? Não se sabe. Daí a relevância do presente post.

A Dra. Tenicia Talley, farmacêutica, se propõe a desmascarar 7 dos mitos mais comuns, e o faz objetivamente. Contudo, por ser patrocinada por uma rede farmacêutica, é bom ficar com o pé atrás.

“Antidepressivo: (s.) qualquer uma das várias técnicas energéticas para afastar amigos, colegas e familiares parasitas.”

– Sol Luckman

Pontos-chave:

  • A depressão afeta milhões de pessoas todos os anos. No entanto, os estigmas em torno de tomar antidepressivos e saúde mental muitas vezes impedem as pessoas de procurar tratamento.
  • Os antidepressivos são uma opção de tratamento comum para pessoas com depressão. Eles provaram melhorar o humor e a função emocional.
  • É importante ter os fatos – não mitos – sobre os antidepressivos ao decidir qual opção de tratamento é a melhor. 

Por que há um estigma em torno de antidepressivos e saúde mental?

Em primeiro lugar, uma boa dose de ignorância a respeito dos antidepressivos, vistos mais como “drogas” do que como “remédios”. Em segundo lugar, as crenças negativas (e equivocadas) sobre a depressão ainda são comuns. A sociedade muitas vezes liga a saúde mental à espiritualidade, caráter ou personalidade, por exemplo, assim sendo, a depressão é tida por um dilema moral, e não uma condição de saúde.

O estigma da depressão também pode fazer com que alguns dos portadores se sintam diminuídos diante de outras pessoas, e até de si mesmos. Em vez de procurar tratamento profissional, eles podem recorrer a mecanismos de enfrentamento insalubres, como isolamento ou automedicação. 

Por que a medicação?

A depressão pode ser diagnosticada e tratada. Não há vergonha em pedir ajuda profissional para se obter o apoio necessário. Médicos podem adicionar um antidepressivo que pode ajudar. 

Quais terapias são usadas ​​para tratar a depressão?

Antidepressivos, pelo lado farmacológico, terapias que visam o equilíbrio mente-corpo (cognitivo-comportamental, acupuntura, exercícios), ou uma combinação de ambos. Nenhuma opção específica mostrou ser mais eficaz do que outras. A escolha depende de uma decisão conjunta entre o paciente e seu médico considerando os efeitos colaterais, as condições subjacentes e as preferências do primeiro. 

Inibidores seletivos da recaptação de serotonina

Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRIs) são medicamentos de primeira escolha para a depressão. A serotonina é uma substância química do cérebro que ajuda a regular humor e emoções.

Exemplos de SSRIs incluem fluoxetina, sertralina e citalopram. Os efeitos colaterais comuns incluem boca seca, problemas para dormir e dor de cabeça. Eles também podem causar disfunção sexual (por exemplo, disfunção erétil).

Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina

Os inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina (SNRIs) são outro tratamento de primeira escolha para a depressão. Os SSRIs afetam outra substância química do cérebro chamada norepinefrina. Acredita-se que a norepinefrina influencie seu humor, energia e capacidade de concentração.

Alguns medicamentos desta classe também são usados ​​para tratar distúrbios de ansiedade e dores nos nervos. Exemplos de SNRIs incluem duloxetina, venlafaxina e desvenlafaxina.

Efeitos colaterais

Os SSRIs e os SNRIs compartilham muitos dos mesmos efeitos colaterais, mas os SNRIs tendem a causar mais náuseas, problemas para dormir e boca seca. 

Outros antidepressivos

Bupropiona (Wellbutrin) e mirtazapina (Remeron) são medicamentos antidepressivos atípicos que não se encaixam nas outras classes. Eles também são opções de primeira escolha, mas podem ser mais adequados em determinadas situações. Por exemplo, qualquer um pode ser uma boa escolha se você estiver sofrendo de disfunção sexual por outros antidepressivos. Isso ocorre porque eles são menos propensos a ter esse efeito.

Medicamentos mais antigos, como antidepressivos tricíclicos (TCAs) e inibidores da monoamina oxidase (IMAOs), às vezes são usados ​​se outras opções não estiverem funcionando para você. Eles não são considerados medicamentos de primeira escolha, pois tendem a causar mais efeitos colaterais.

Quais são alguns dos mitos que rondam os antidepressivos?

Mito 1: Cuidar da sua saúde mental é um sinal de fraqueza

A depressão é uma condição de saúde mental de longo prazo. Pode afetar a maneira como você pensa, age e sente, além de impactar negativamente sua qualidade de vida.

A depressão é complexa. Existem muitos fatores – incluindo alguns além do seu controle – que podem levar à depressão, incluindo:

  • Dieta pobre
  • História familiar de depressão
  • Certas condições médicas ou medicamentos
  • Eventos importantes da vida, estresse ou trauma

Lembre-se: não há nada errado em procurar ajuda para sair da depressão; ao contrário, dado o estigma que a acompanha, é até um sinal de força. Cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física.

Mito 2: Antidepressivos curam a depressão imediatamente

Os antidepressivos não funcionam da noite para o dia – eles levam tempo para se tornarem eficazes. Pode levar até 6 semanas para você ver uma melhora em seus sintomas.

Não desanime se o primeiro medicamento que você tentar não funcionar bem para você. Como todos são diferentes, encontrar o tratamento certo pode levar algum tempo. Seu médico pode ajudá-lo a navegar nesse processo.

Mito 3: Você pode parar de tomar antidepressivos quando se sentir melhor

Isso pode fazer com que seus sintomas de depressão retornem. Você também pode experimentar sintomas de abstinência – chamados de síndrome de descontinuação do antidepressivo. Pode ocorrer se você parar de tomar sua medicação de repente ou diminuir sua dose muito rápido. Você pode experimentar sintomas como náusea, problemas de sono e sensações de queimação e formigamento.

É importante que você continue tomando sua medicação conforme indicado pelo seu médico para obter os melhores resultados.

Mito 4: Você precisa tomar antidepressivos pelo resto da vida

Se for a primeira vez que você experimenta um episódio depressivo, pode ser necessário tomar um antidepressivo por apenas 4 a 12 meses após a resolução dos sintomas. No entanto, pessoas com depressão crônica ou recorrente, e desde que contando com orientação médica, podem precisar continuar tomando por alguns anos. Isso ocorre porque os antidepressivos ajudam a prevenir uma recaída.

Contudo, que fique bem claro: em geral, não se deve tomar antidepressivos a longo prazo.

Mito 5: Antidepressivos causam mudanças físicas permanentes em seu cérebro

A depressão não tratada pode causar alterações físicas permanentes em seu cérebro (ex.: encolhimento e inflamação). Os antidepressivos diminuem a inflamação e potencialmente ajudar a reparar ou reverter algumas das alterações cerebrais causadas pela depressão.

Mito 6: Antidepressivos são viciantes

Os antidepressivos não são opioides. Eles não são propriamente viciantes, embora alguns pacientes com dores crônicas recorrem a eles como hábito quando expostos a um surto. Os depressivos não causam os desejos ou “delírios” que você pode associar a outras substâncias. Eles podem, sim, causar alguns sintomas de abstinência se você parar de tomá-los ou diminuir sua dose muito rapidamente. Os sintomas geralmente são leves e aparecem alguns dias após a interrupção da medicação e duram de 1 a 2 semanas. Por causa desses possíveis sintomas, o “desmame” de um antidepressivo deve ser decidido pelo paciente conjuntamente com seu médico ou médica. 

Mito 7: Antidepressivos mudam a personalidade

Os antidepressivos diminuem o impacto da depressão no humor da pessoa depressiva e dessa forma podem revelar a ela traços de si mesma antes desconhecidos. Se ocorrer, isso é provavelmente positivo e não o contrário.

Doses mais altas de medicamentos que afetam a serotonina (ex.: SSRIs) podem deixar a pessoa um tanto “indiferente”. Também pode ser um sinal de que o medicamento ou a dose que você está tomando não é o ajuste certo.

Se você estiver tomando antidepressivos e não se sentir como você, informe seu médico. Ele ou ela pode diminuir sua dose, adicionar outro medicamento ou mudar para um antidepressivo diferente.

O que mais você pode fazer para cuidar da sua saúde mental?

Há muitas coisas que as pessoas podem fazer por si mesmas para cuidar de sua saúde mental. Aqui estão algumas dicas que você pode incorporar em sua rotina diária:

  • Exercite-se regularmente. A pesquisa mostrou que o exercício pode ajudar a fornecer benefícios à saúde mental. Você pode começar devagar e se exercitar de uma maneira que seja boa para você.
  • Coma uma dieta balanceada. O que você come pode afetar seu humor. Tente incorporar escolhas saudáveis ​​em sua dieta, como grãos integrais, peixes e vegetais.
  • Beba bastante água. Além de uma dieta saudável, é importante que você beba bastante água. A hidratação também pode desempenhar um papel no seu humor.
  • Arranje tempo para descansar – fisicamente, espiritualmente e emocionalmente. O estresse pode ter um impacto negativo no seu humor, por isso é importante reservar um tempo para relaxar e recarregar as energias.
  • Arranje tempo para atividades que tragam alegria. Tirar um tempo para fazer coisas que o deixam feliz pode ajudar a melhorar seu humor. 

O resumo

É preciso coragem para reconhecer o que está acontecendo com você e se concentrar em cuidar de sua saúde mental. A depressão não é uma situação desesperadora: é uma condição médica que envolve mudanças químicas no cérebro.

A boa notícia é que, como muitas outras condições físicas, a depressão é tratável. Há uma variedade de opções de tratamento que podem atender às suas necessidades. Os antidepressivos são amplamente prescritos, mas muitas vezes mal compreendidos. Trabalhar com um profissional de saúde para encontrar o melhor plano de tratamento para você pode ajudá-lo a retornar às suas funções diárias normais.

Tradução livre de “Debunking 7 Myths About Antidepressant Medications”, publicado em 11 de Outubro de 2021 no GoodRX Health.

Nota do blog:

Já leu o de cima? Ótimo! Não vai para casa, porém, sem ler o que está abaixo.

“Para as pessoas que estão deprimidas, e especialmente para aquelas que não recebem benefícios suficientes da medicação para quem os efeitos colaterais dos antidepressivos são preocupantes, o fato de que os placebos podem duplicar muitos dos efeitos dos antidepressivos deve ser considerado uma boa notícia. Isso significa que existem outras maneiras de aliviar a depressão. Como vimos, tratamentos como psicoterapia e exercícios físicos são pelo menos tão eficazes quanto os medicamentos antidepressivos e mais eficazes que os placebos. Em particular, a TCC demonstrou reduzir o risco de recaída em depressão por anos após o término do tratamento, tornando-o particularmente rentável”.

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2 respostas

  1. Maravilhosa Matéria esclarecedora e orientação na busca dos meios melhores que podem estar ao nosso alcance.Muito obrigada.

    1. Grato pelo seu comentário. Observações desinteressadas desse tipo são muito motivadoras. Aproveitando a viagem, dá uma olhada aqui: https://www.dorcronica.blog.br/?s=antidepressivos
      Antidepressivos não funcionam igual em todo mundo. Às vezes nem funcionam. Assim, preste atenção também à mudança de hábitos saudáveis e acima de tudo, a redução do estresse. Fármacos não são mais a primeira escolha no tratamento de dores crônicas.

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