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Antidepressivos funcionam

Antidepressivos funcionam

Os psiquiatras selecionam a melhor estratégia de medicação antidepressiva para os pacientes, seguindo essas 4 normas ao prescrevê-los: o medicamento certo, a dose certa, o método de administração certo e pelo período certo. Mesmo assim, se os pacientes não sentirem resultados com rapidez suficiente, eles desistem de seus medicamentos. Por que fazem isso? Em parte, porque ignoram o que estão tomando. Este post visa informar o básico sobre antidepressivos, agora que há evidências de que a maioria deles funciona, seja para diminuir a depressão ou aliviar a dor crônica, ou ambas as coisas.

“Há algo muito estranho nisso de que você só pode se tornar você mesmo ingerindo uma pílula. Mas enfim…”.

– O blog

Os antidepressivos sempre me assustaram. De cara, qualquer referência à depressão já incomoda. E depois, cresci ouvindo dizer que esses fármacos têm efeitos colaterais muito desagradáveis.

Por isso, nas duas décadas que carreguei uma dor crônica cervical brava, nem me passou pela mente tomar antidepressivos. Nem mesmo quando alguns dos vários médicos que consultei no percurso recomendou isso.

Mas eu posso ter me equivocado. Sempre à procura de temas interessantes para postar no blog, de repente surgiu na minha tela um estudo britânico atestando que 21 antidepressivos comuns “funcionam”.

O tema interessa aqui por dois motivos: depressão e dor crônica costumam andar juntas e alguns antidepressivos são prescritos para tratar esta dor.

Eu não o conhecia. Talvez você também não. Nesse caso, continue lendo esse post em que começo comentando esse artigo, e depois um outro, da Clínica Mayo, referindo-se aos antidepressivos em geral. No ensejo, uma canja: inserções sobre a ação de antidepressivos no sono. Vejamos,

A meta-análise britânica analisou os dados de 522 ensaios clínicos envolvendo 116.477 pessoas. Os antidepressivos “funcionavam”, se reduziam os sintomas de depressão aguda mais eficazmente que um placebo: 21 deles “funcionaram”. Aleluia!

A manchete, contudo, ocultou outros achados menos festivos.

Em primeiro lugar, houve grandes diferenças na eficácia de cada medicamento. Os efeitos variaram de ser um terço mais eficaz do que um placebo a mais de duas vezes mais eficaz.

  • Os antidepressivos mais eficazes: agomelatina, amitriptilina, escitalopram, mirtazapina, paroxetina.
  • Os antidepresivos menos eficazes: fluoxetina, fluvoxamina, reboxetina, trazodona


Em segundo lugar, o estudo analisou o efeito médio das drogas, em vez de como elas funcionavam para indivíduos de diferentes idades ou sexos, a gravidade dos sintomas e outras características.

Em terceiro lugar, a maioria dos dados da meta-análise cobriu oito semanas de tratamento, então, os resultados podem não se aplicar ao uso de longo prazo.

A Dra. Andrea Cipriani, líder dos pesquisadores, adverte que esses achados não significam que os antidepressivos devam ser sempre a primeira forma de tratamento. “A medicação deve sempre ser considerada junto com outras opções, como terapias psicológicas, quando disponíveis”, especifica.

O professor Carmine Pariante, do Royal College of Psychiatrists, por fim, esclarece que o artigo não melhorou a compreensão de como ajudar os pacientes que tinham depressão resistente ao tratamento e que não foram ajudados por tomar qualquer um dos 21 medicamentos testados.

ANTIDEPRESSIVOS PARA O SONO PERTURBADO

O sono perturbado é um sintoma central da depressão e sua normalização é necessária para alcançar a remissão da doença. No longo prazo, todos os antidepressivos que mostram eficácia clínica melhoram o sono secundário. No curto prazo, enquanto alguns deles podem prejudicar o sono devido aos efeitos ativadores, outros podem melhorar o sono devido às propriedades sedativas.1

Antidepressivos em geral

O artigo da Clínica Mayo, “Antidepressivos: outra arma contra a dor crônica”, pode ser acessado aqui, no original em inglês.

A informação mais marcante do artigo, a meu ver, é a de que os antidepressivos não funcionam bem para todo tipo de condição dolorosa. Eles funcionam melhor para a dor causada por:

  • Artrite
  • Lesões nervosas por diabetes (neuropatia diabética)
  • Lesões nervosas por herpes (neuralgia pós-herpética)
  • Dor nos nervos por outras causas (neuropatia periférica, lesão da medula espinhal, acidente vascular cerebral, radiculopatia)
  • Cefaleia tensional
  • Enxaqueca
  • Dor facial
  • Fibromialgia
  • Dor lombar
  • Dor pélvica


Um dos grupos mais eficazes de antidepressivos para a dor é conhecido como os tricíclicos.

Antidepressivos tricíclicos

Os antidepressivos tricíclicos incluem:

  • Amitriptilina
  • Nortriptilina
  • Protriptilina
  • Doxepin
  • Imipramina
  • Clomipramina
  • Desipramina


Os efeitos colaterais dos antidepressivos tricíclicos podem incluir:

  • Visão embaçada
  • Sonolência
  • Boca seca
  • Náusea
  • Tontura ao levantar-se devido a uma queda na pressão arterial (hipotensão ortostática)
  • Ganho de peso
  • Dificuldade em pensar com clareza
  • Constipação
  • Dificuldade em urinar
  • Problemas de ritmo cardíaco
  • Problemas para ter relações sexuais

O tratamento

Para reduzir ou prevenir os efeitos colaterais, convém começar com uma dose baixa e aumentar lentamente a quantidade. A maioria das pessoas consegue tomar antidepressivos tricíclicos, principalmente em doses baixas, com efeitos colaterais moderados.

As doses que são eficazes para a dor são geralmente mais baixas do que as doses usadas para a depressão.

ANTIDEPRESSIVOS PARA O SONO PERTURBADO

Embora a ação de promoção do sono seja desejada em pacientes deprimidos com ansiedade ou insônia coexistentes, a prescrição de antidepressivos pode ser problemática durante o tratamento de manutenção após a recuperação da depressão devido à sedação excessiva. Para efeito de promoção do sono, é suficiente o uso de um antidepressivo sedativo em dose baixa. Nessa dose, esses medicamentos também podem ser combinados com outros antidepressivos como alternativa aos hipnóticos, principalmente se houver necessidade clínica de promover o sono por mais de 2-4 semanas com frequência superior a 3-4 vezes por semana.2

Outros antidepressivos que podem ajudar

Outras classes de antidepressivos têm menos efeitos colaterais e podem ser usados ​​para ajudar a aliviar a dor crônica:

  • Inibidores de recaptação de serotonina e norepinefrina (SNRIs). Alguns SNRIs, como venlafaxina (Effexor XR), duloxetina (Cymbalta, Drizalma Sprinkle), milnaciprano (Savella) e desvenlafaxina (Pristiq), podem ajudar a aliviar a dor crônica. Pessoas com dor crônica geralmente desenvolvem depressão também. A venlafaxina e a duloxetina oferecem a vantagem de serem eficazes para a depressão e a ansiedade nas mesmas dosagens úteis para o tratamento da dor.
  • A venlafaxina pode causar sonolência, insônia ou pressão arterial elevada e pode piorar os problemas cardíacos.
  • A duloxetina pode causar efeitos colaterais, como sonolência, insônia, náusea, boca seca, tontura, constipação ou suor excessivo.
  • Milnacipran é usado para aliviar a dor da fibromialgia e pode causar efeitos colaterais, como náuseas e sonolência. No entanto, ele mostrou apenas eficácia limitada no alívio de outros tipos de dor.
  • Inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs). Os ISRSs, que incluem medicamentos como a paroxetina (Paxil) e a fluoxetina (Sarafem, Prozac), podem ajudar a aliviar certos tipos de dor, mas não é claro se aliviam a dor nos nervos.


Os ISRSs podem aumentar os efeitos analgésicos de alguns antidepressivos tricíclicos, aumentando seus níveis no sangue. Eles devem ser usados ​​com cautela.

Os ISRSs não funcionam tão bem quanto os antidepressivos tricíclicos para a dor, mas produzem menos efeitos colaterais. A fluoxetina pode causar efeitos colaterais, como insônia e tontura.

Miscelânea

  • Dependendo do tipo de dor, também, a ação dos antidepressivos é mais ou menos imediata.
  • No caso da esclerose múltipla, por exemplo, os antidepressivos podem aumentar os neurotransmissores na medula espinhal que reduzem os sinais de dor. Mas eles não funcionam imediatamente. Algum alívio pode vir depois de uma semana ou mais, e o alívio máximo pode levar várias semanas.
  • As pessoas geralmente experimentam um alívio moderado da dor com antidepressivos.
  • Outras classes de medicamentos de alívio da dor (como anticonvulsivantes) podem ser usados em combinação com medicamentos da classe dos antidepressivos se o alívio da dor com antidepressivos for incompleto.
Outras fontes de consulta sobre antidepressivos em relação à dor crônica:

ncbi.nlm.nih.gov | sciencedaily.com | webmd.com | spineuniverse.com | practicalpainmanagement.com

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3 respostas

  1. Gostei bastante.
    Já tomei vários antidepressivos mas nenhum reduzido minha dor não.
    Sou portador de fibromialgia e artrite.

    1. Aldeni, obrigado pelo seu comentário. Na sua condição, pode ajudar se informar mais e melhor sobre fibromialgia e artrite. No blog dorcronica (www.dorcronica.blog.br) e no site Fibrodor (www.fibrodor.com.br) vc vai encontrar muita informação a respeito. O conhecimento não vai tirar a dor, mas pode ajudar vc a se sentir mais no controle da sua vida e da maneira de enfrentar a dor. Julio

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