Países que contam com estatísticas sérias sobre a dor crônica nas costas já a consideram uma epidemia. A que se deve esse brutal crescimento? As más línguas culpam a ignorância de uns e outros. Uma ignorância movida a mitos – crenças equivocadas sobre as causas dessa dor, como tratá-la e o que esperar de um tratamento, seja este bem ou mal sucedido. Conheça os mitos mais comuns e também quem se atreveu a denunciá-los.
“O grande inimigo da verdade muitas vezes não é a mentira, deliberada, inventada e desonesta, mas o mito, persistente, persuasivo e irrealista.”
Nos últimos tempos eu tenho me deparado com uma reação não de todo inesperada, mas surpreendentemente feroz, de profissionais da saúde e pacientes, na defesa de mitos sobre a dor nas costas que me pareciam já ter sido cientificamente superados. Ou ao menos dignos de alguma consideração contemplativa, ou reflexiva. Nem sequer isso. Negação total.
Que mitos sobre a dor nas costas seriam esses? | |
Eu vou deixar um tal de Richard Deyo alinhavá-los. | |
Mito 1 | Se você tem uma hérnia de disco, você provavelmente tem que passar por cirurgia. |
Mito 2 | Raios X e os exames de imagem (ressonância magnética) sempre podem identificar a causa da sua dor. |
Mito 3 | Se as suas costas doem, você deve se movimentar devagar até a dor sumir. |
Mito 4 | A maioria dos casos de dor nas costas são causados por lesões resultantes de levantar peso. |
Mito 5 | A dor lombar usualmente desabilita a pessoa. |
Mito 6 | Toda pessoa com dor nas costas deve tirar um raio X da espinha dorsal. |
Mito 7 | Repouso em cama é a terapia obrigatória. |
Richard Deyo acha que esses são mitos e quase todo o resto do mundo ligado ao assunto “dor crônica nas costas” – desde pacientes até cirurgiões de coluna – não só discorda como provavelmente o odeia e também a toda sua família.
É que Richard Deyo é um destemido. Fazem mais de 25 anos que ele vem pesquisando a dor nas costas com determinação canina e rigorosidade quântica. E descobrindo evidências que o levaram até esses sete mitos. Na última década, vários cientistas de renome especializados em dor nas costas – Peter O”Sullivan, para citar apenas um – o tem apoiado. Porém, são detalhes, a turma “pragmática”, a da “mão na massa”, os que “sentem na pele”, a “linha de frente”, discorda diametralmente.
Eu cheguei a pensar que fosse por ignorância. Afinal, um reles paciente de dor nas costas – como eu mesmo já fui durante décadas – não tem como se manter a par dos recentes achados da neurociência no campo da dor, que detonam boa parte do que era até pouco tempo atrás dado por certo. Ah, mas os profissionais da saúde deveriam estar atualizados, você pensa. Bem eu não quero entrar nisso. Posso ser reconhecido na rua. Ou na recepção de um consultório. Vai saber.
“Agora a tecnologia nos permite ver mudanças degenerativas nas costas que nunca vimos antes, mas isso não significa que precisamos entrar lá e consertá-las.”
Você também vai esnobar o Dr. Deyo? Ora, nunca ouviu falar nesse cara… Ou quer saber mais sobre ele e no que deu a sua denúncia? Se for isto, acesse a segunda parte deste post.