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A ilusão de um pós-covid-19 “paz e amor”

A ilusão de um pós-covid-19 “paz e amor”

A cada semana, notícias de que uma nova vacina está sendo testada em humanos reforça a sensação, ou melhor dizendo, a ilusão de que a pandemia são favas contadas. Pior ainda é imaginar que depois da pandemia não haverá sequelas desse vírus atazanando a existência de alguns. Ou será a de muitos? Quais as sequelas? Quais seus efeitos? E o que fazer desde já a nível de país, município, família… para se prevenir? Não se sabe. Hoje isso não é problema. Da mesma forma que em janeiro o que acontecia em Wuhan tampouco era. Este post apresenta um artigo que, na contramão, antecipa a paisagem pós-Covid-19 no que se refere à dor crônica.

“A ilusão é o primeiro de todos os prazeres”.

– Voltaire

A euforia provocada pela iminência de se contar com mais de 200 vacinas diferentes antes do fim do ano, a queda do número de mortos e acima de tudo, a abertura dos bares, restaurantes e shoppings parece ter colocado uma venda na vista de muitos, principalmente no Brasil e nos Estados Unidos. (Nem tanto na Europa Ocidental, porque por lá a venda caiu há um mês quando o vírus engatou uma segunda onda ainda crescente.)

Notícias que outrora seriam alarmantes, como as de que…

  • O novo coronavírus não apenas é transportado pelo ar, mas ele também pode flutuar no ar, o que aumenta a sua capacidade de infectar células.1
  • As crianças podem desempenhar um papel maior na disseminação da Covid-19 pela comunidade do que se pensava anteriormente.2
  • Um novo estudo do King’s College London sugere que a imunidade ao novo coronavírus pode desaparecer em meses.3

…hoje não mais impressionam.

O curioso é que por trás de relatos como esses – e tem muitos mais, bons e ruins – há um exército de gente trabalhando ocultamente, silenciosamente, em ao menos três frentes: contenção da epidemia; redução do sofrimento dos infectados graves e previsão/prevenção dos efeitos pós-Covid-19.

Interessado no terceiro item, apreciei a leitura de um artigo que me fora recomendado por um fisioterapeuta estudioso da dor e cujo trabalho admiro, o Prof. (Aposentado) Carlos Castro, ligado à Universidade Federal de São Carlos.

Intitulado “Considerando o potencial para um aumento da dor crônica após a pandemia de Covid-19”, o que inicialmente chamou a minha atenção nesse artigo foram alguns dos seus autores Daniel Clauw4, Winfried Häuser5 e Mary-Ann Fitzcharles6 terem colaborado também na montagem dos critérios de diagnóstico para a fibromialgia ora recomendados pelo Colégio de Reumatologia dos Estados Unidos… e ora descritos no e-book “Tudo o que você queria saber sobre Fibromialgia e tinha medo de perguntar”.

Trata-se, a meu ver, de um bom artigo. Claro, oportuno e especialmente alinhado com o que  este blog vem acenando há meses:

  • que o estrago da pandemia irá “além da doença física, com importantes estressores psicossociais que incluem períodos prolongados de contato interpessoal limitado, isolamento, medo da doença, incerteza futura e tensão financeira”;
  • que a incerteza agrava a situação, alimentada que ela é por informações conflitantes veiculadas pela mídia, por recomendações confusas vindas das autoridades sanitárias e de governo, e pela duração ainda desconhecida da pandemia; e
  • que as possíveis consequências para a saúde dos pacientes com Covid-19 relacionadas à dor crônica, podem ser de vários tipos – nociplásticas, neuropáticas ou nociceptivas – e afetar “não apenas os pacientes que sobreviveram à infecção, mas também para a comunidade mais ampla que experimentou efeitos psicológicos, sociais e econômicos.”

Curiosamente, essa batelada de alertas tem suscitado reações de cientistas7, economistas8, homens de negócios9, indústrias específicas10 e até das Nações Unidas11, mas nem tanto de agentes relacionados ao sistema de saúde, ou seja, de associações médicas e afins, planos de saúde, redes hospitalares e, last but not least, de algo que outrora costumava-se entender por Ministério da Saúde. Neste último ambiente, o da saúde, nota-se somente expressões do espírito animal empresarial, excitado pelas perspectivas da telemedicina12 e da robótica na pós-pandemia13.

Assim as coisas, a preocupação dos autores do artigo com a saúde das pessoas que vão poupar, investir, viajar de avião ou o que for quando a pandemia amainar – algo previsto para acontecer em menos de dois anos pela Organização Mundial da Saúde – é, no mínimo, refrescante.

Trechos do artigo em pauta: “Considerando o potencial para um aumento da dor crônica após a pandemia de Covid-19” Original em inglês: “Considering the potential for an increase in chronic pain after the COVID-19 pandemic

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2 respostas

  1. O aumento da dor vai acontecer, mas vejo que o pico já passou, e muita gente mudou o foco e melhorou a qualidade de vida, para quem pôde ….

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